Game designer: tudo sobre a profissão

Professor de Game Design na ESPM revela os desafios do dia a dia de quem atua nessa função e dá dicas para quem sonha em trabalhar na área

 

Cresce sem parar o número de fãs de videogames no Brasil e no mundo. Segundo dados da Pesquisa Gamer Brasil em 2020, 73,4% dos brasileiros jogam jogos eletrônicos – aumento de 7% em relação ao ano anterior. Com o mercado de games aquecido, também tem aumentado as oportunidades para quem sonha em trabalhar na área.


De acordo com Vince Vader, autor de dois livros na área de games e professor de Game Design na ESPM, a função de designer de games é uma das mais promissoras do setor. “No Brasil, esse mercado ainda está em desenvolvimento, mas já temos umas iniciativas muito interessantes, como a Wildlife, ou a Aquiris. Iniciativas independentes como a Skullfish Studios e pequenas produtoras. A gente começa a ver um cenário se desenvolvendo entre grandes, pequenos e médios estúdios. A tendência é que em uns quatro anos, o setor de desenvolvimento no Brasil já esteja bem consolidado – projeta o pesquisador”.

 

O que faz um game designer?

Vader define o game designer como o “arquiteto da experiência do jogo”. É o responsável por determinar o objetivo, as regras e a dinâmica. “O game designer se pergunta coisas como ‘quem é o público do meu jogo?’, ou ainda ‘qual o objetivo do meu jogo? Ser extremamente competitivo? Dar medo nos jogadores? Passar uma mensagem? Um ensinamento?’. É uma espécie de gestor desse processo de criação, de maneira sintética.”


É normal, em áreas que mexem com paixão e gostos, como é o videogame, que algumas pessoas possam idealizar profissões e atividades relacionadas à área. Embora faça um alerta sobre isso, Vince acredita que, de maneira geral, o segmento já está mais amadurecido:


“Às vezes a pessoa pensa: ‘poxa, eu gosto muito de jogar videogame, acho que eu seria uma boa pessoa para desenvolver jogos’. É importante dizer que, quando isso vira trabalho, você passa a ter clientes, chefes, deadlines, que são as partes ‘não tão legais’ de só ficar jogando seus jogos favoritos. É muito comum entrar nesse mercado gostando de jogos de algum tema como zumbis, e precisar, no dia a dia de trabalho, desenvolver um jogo promocional para uma empresa”, explica o professor da ESPM.

 

“É um emprego como qualquer outro. Esse produto tem que ter qualidade, tem que ser entregue em um prazo, tem que ser oferecido com uma experiência interessante. Às vezes a temática do jogo ou o seu público não te agradam ou não são compatíveis com o seu gosto pessoal. Mas, no geral, acredito que quem quer trabalhar na área hoje em dia já entende que não é mais algo tão romantizado.”

 

O dia a dia do game designer

Segundo Vince, em seu dia a dia, o game designer trabalha muito com wireframes, com a produção de protótipos e rascunhos de suas ideias. Por isso, é uma profissão multidisciplinar, que dialoga diariamente com programadores, designers, ilustradores e toda uma cadeia de profissionais. “É preciso um repertório muito grande de conhecimento de jogos, desde jogos analógicos a jogos digitais, ou jogos de celular. Tudo que possa construir seu repertório de mecânicas de jogos, de narrativas, de livros, filmes.”

 

Conheça a fundo o universo dos games

Esse repertório, inclusive, é um dos requisitos mais importantes para o sucesso de um game designer, segundo Vince. Para o professor, é essencial “jogar de tudo”: “Eu, por exemplo, uma vez por semana tento conhecer um jogo novo, seja analógico, digital, ou para criança. Tudo que vai aparecendo, vou jogando. Por exemplo, o sucesso do momento, Among Us”, comenta o especialista. “Baixa o jogo e, jogando, tenta entender um pouco mais sobre ele, como um exercício que, acima de tudo, aumenta a sua bagagem de mecânicas, temáticas e muito mais.”

 

 

Como dica a quem pretende ingressar na área, o pesquisador elaborou uma lista de jogos, vídeos e livros que podem contribuir com esse repertório:

 

High Score

Documentário disponível na Netflix sobre a história dos games, desde os primórdios até os e-sports.

 

League of legends: A Origem

Documentário disponível na Netflix sobre a franquia fenômeno em audiência e engajamento nos e-Sports.

 

Playing Hard

Documentário disponível na Netflix que detalha a história e o processo dos quatro anos de produção do jogo For Honour, da Ubisoft.

 

Gamepod

Podcast sobre o universo dos videogames produzido por estudantes da ESPM

 

99 Vidas

Um dos podcasts mais tradicionais do Brasil focado em jogos.

 

Sangue, suor e pixels

Livro de Guilherme Kroll e Jason Schreier sobre Game Design e a rotina do trabalho de um profissional da área.

 

Homo ludens

É um tratado filosófico de Johan Huizinga sobre o jogo como um elemento da cultura humana.

 

Game Design – modelo de negócios e design criativo

Livro de autoria do próprio Vince Vader que fala sobre o mercado de Game Design com foco no cenário brasileiro.

 

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