Ana Regina Falkembach Simão, coordenadora do curso de RI da ESPM de Porto Alegre, faz um raio-X da graduação na área
“O aluno [de Relações Internacionais] tem de ter interesse pela Ciência Política, pela História, pela Economia, por estudos das diferentes culturas”. É o que comenta Ana Regina Falkembach Simão, coordenadora do curso de Relações Internacionais da ESPM Porto Alegre. O #TMJ bateu um papo com a acadêmica para entender um pouco mais sobre essa carreira e as possibilidades de atuação no campo dos negócios internacionais, da diplomacia clássica e corporativa.
Em tempos de internet e globalização, qual o perfil dos alunos que buscam a carreira de Relações Internacionais?
Eu observo, no curso da ESPM, que existem dois grandes grupos. O primeiro é o de alunos que gostam ou têm interesse pela área dos negócios internacionais – e, quando falo dessa área, me refiro a um campo vasto, que inclui ainda marketing global, comércio exterior e finanças internacionais. Esse grupo enxerga que o curso da ESPM é especializado nesses aspectos, que apresenta uma expertise no que conhecemos como diplomacia corporativa. Nesse grupo, evidentemente, estão ainda os que têm uma vocação empreendedora. O outro grupo é dos que têm interesse por distintas culturas, que gostam da multiculturalidade, da política e da História, dos que são afeitos a esse tipo de conhecimento – que é o clássico das Relações Internacionais. Eles gostam da diplomacia, de estudar línguas – e tangencia o outro grupo na questão da diversidade cultural.
A maioria é a que procura uma carreira diplomática tradicional ou o interesse migrou para a diplomacia corporativa e os negócios internacionais?
Os negócios internacionais e a diplomacia corporativa atraem a maioria dos alunos, sem dúvida. Claro que os alunos do segundo grupo têm um olhar mais clássico para o exercício da profissão, pensam em fazer o Instituto Rio Branco, prestar concurso para entrar na carreira diplomática de Estado. Mas o perfil majoritário dos alunos da ESPM é o dos que têm uma vocação para a área corporativa e dos negócios internacionais.
Existe algum pré-requisito para alguém se candidatar ao curso de RI?
Não existe nenhum pré-requisito formal. Informalmente falando, eu diria que o gosto pela multidisciplinaridade é um traço bem-vindo para esse aluno. O aluno tem de ter interesse pela Ciência Política, pela História, pela Economia, por estudos das diferentes culturas. E, no caso específico do nosso curso, claro, o gosto específico pelos negócios, pelo Marketing – todas as disciplinas que compõem a expertise do curso da ESPM em diplomacia corporativa.
Profissionais brasileiros têm alguma vantagem ou desvantagem sobre colegas de outras nacionalidades no tabuleiro da diplomacia e dos negócios internacionais nos dias que correm?
Partindo do pressuposto de que o profissional tenha conhecimento robusto, uma excelente formação e muito repertório – e isso é universal, internacional –, me parece que o profissional tem de vantajoso, na minha visão, a criatividade. E de onde ela vem? Do resultado de uma série de fatores, dentre eles sobreviver às adversidades diárias de um país com intranquilidade econômica, muitas vezes com intranquilidade política e cotidianamente com intranquilidade social. E um país que é continental, cuja multiculturalidade proporciona universos, realidades e culturas distintos no mesmo país. Isso tudo provoca, produz, estimula uma criatividade – que vem acompanhada muitas vezes de bom humor, de rir de si mesmo, a facilidade no trato. Tudo isso traz um diferencial para o profissional.
Uma segunda característica importante é a resiliência e a capacidade de se adaptar às mudanças – tirando delas algo positivo, conseguir superar. Mas isso só acontece acompanhada de outra qualidade importante para o profissional: a flexibilidade. O misto de tudo isso, embalado por uma formação robusta, que sempre vem em primeiro lugar, proporciona uma vantagem ao profissional brasileiro. Uma desvantagem? O profissional brasileiro vem de um país emergente e, sem sobra de dúvidas, não está no centro do mundo, não é uma economia central – e isso é uma desvantagem para algumas áreas. Mas nossas vantagens são robustas. É um tripé: conhecimento robusto + criatividade/bom humor + resiliência/flexibilidade.