Coordenador da graduação em Ciência de Dados e Negócios da ESPM explica o que é fundamental para quem quer começar a programar
Todas as escolas de ensino básico no Brasil precisam introduzir computação no seu currículo para que os alunos aprendam a programar. Isso foi determinado na Resolução nº 1, de 4 de outubro de 2022, que define as Normas sobre Computação na Educação Básica, complementando a Base Nacional Comum Curricular (BNCC). O objetivo é preparar os estudantes para o mercado de trabalho, já que entender minimamente de programação é praticamente mandatório para quem deseja atuar com tecnologia.
“A melhor forma de aprender e ensinar computação é de forma lúdica, e os adolescentes já conseguiriam trabalhar com linguagem de programação”, afirma Flavio Marques Azevedo, coordenador da graduação em Ciência de Dados e Negócios da ESPM.
O especialista explica que o ideal é começar com a programação por blocos, que literalmente são caixas individuais que contém cada passo de programação. Se a pessoa está desenvolvendo um aplicativo como o Google Maps, cada bloco contém uma informação de um trajeto, indicando se é para seguir adiante ou virar à esquerda ou à direita, e quantos passos são necessários para cada etapa do caminho.
A evolução da programação
Programar em blocos não é novidade. Em 1967, foi criada uma linguagem de programação em bloco chamada Logo. Depois veio a linguagem Alice, em 2003, criada na Universidade Carnegie Mellon (EUA) e desenvolvida para ensinar programação orientada a objetos por meio de animações em 3D.
Em 2007, surgiu a Scratch, inventada pelo MIT Media Lab (EUA). Essa linguagem foi pioneira no ensino da lógica na programação ao usar blocos coloridos que se encaixam como peças de quebra-cabeça, e até hoje é uma das ferramentas mais populares para iniciantes criarem jogos, animações e histórias interativas.
Depois o Google criou o Blockly (2009) e o MIT lançou, como um avanço do Scratch, o APP Inventor (2010), e vieram outras linguagens como Hopscotch (2014), Thynker (2014), MakeCode (2015), Scratch 3.0 (2016) e Code.org (2018).
Todas essas plataformas permitem programar usando bloco e são fáceis de usar. À medida que a programação evolui, aumenta o nível de dificuldade. Mas para aprender a criar jogos e animações são necessários alguns pré-requisitos, como as 5 dicas apontadas por Azevedo.
Confira:
1. Ter raciocínio Lógico
O primeiro passo da programação é ter raciocínio lógico, pré-requisito básico e fundamental da área. Para criar um jogo ou animação ou resolver um problema, o programador parte da interpretação textual e precisa interpretar bem um texto para transformá-lo em algo que envolva código.
Raciocínio lógico é pensar em como construir a cena, os movimentos das personagens, os diálogos e os sons, por exemplo. “Ser bom na parte de raciocínio lógico leva a ter um bom raciocínio computacional e depois a pessoa vai amadurecendo na linguagem de programação. Essa é a sequência de passos para se aprender a programar”, explica o professor.
2. Entender o funcionamento do algoritmo
Para começar a programar é necessário entender de algoritmo, já que a linguagem de programação vai materializar um algoritmo por meio de um software.
Algoritmo é uma sequência de passos finita utilizada para resolver um problema. Uma receita de bolo é como um algoritmo, pois tem uma sequência de passos com começo, meio e fim, e na programação é a mesma coisa. “Nem todo algoritmo vai virar um software, mas todo o software é composto por algoritmos”.
3. Saber falar inglês
Toda linguagem de programação tem como base a língua inglesa, que é universal. Portanto, é importante dominar o idioma e continuar estudando, se for o caso, porque à medida que o estudante progride na programação e ela se torna mais técnica e sofisticada a linguagem também fica mais técnica.
Além do que, atualmente é muito comum profissionais da área de tecnologia trabalharem remotamente a partir do Brasil para empresas de outros países, e o inglês é a ponte de comunicação.
4. Exercitar a repetição
Repetir é a palavra-chave dos iniciantes em programação. É preciso repetir quantas vezes forem necessárias até o estudante dominar totalmente a ferramenta e conquistar maturidade computacional. “Na computação, você vai aumentando o nível de complexidade e vai amadurecendo com o tempo, e conquistando essa maturidade conforme você vai treinando. Isso é importante”, ensina Azevedo.
À medida que domina a programação o estudante se propõe a desafios mais complexos, e assim sucessivamente, até o momento em que passa a programar com texto. O aluno digita os comandos que a personagem tem que fazer e adquire mais liberdade para criar, entrando em uma fase em que a programação é mais técnica.
5. Esteja sempre atualizado
Quando o programador atinge um bom nível de maturidade computacional, pode consultar o índice das linguagens de programação que semestralmente são lançadas no Tiobe.
O site também ranqueia mensalmente as linguagens mais utilizadas, ajudando profissionais e empresas a decidirem estrategicamente qual programação adotar para construir um novo sistema de software. “Esse índice a gente costuma seguir porque é uma tendência”.
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