Apesar das facilidades proporcionadas pela tecnologia digital, os pilares que norteiam a atividade — como a ética e o pensamento crítico — continuam os mesmos
Assim como outras carreiras, o avanço da digitalização transformou rapidamente a profissão jornalista. Se antes a faculdade formava seus alunos para trabalhar em dois caminhos (impressos em geral, especialmente jornais e revistas; ou TV e rádio), com mais tempo dedicado à construção do produto, hoje as oportunidades são muito mais amplas.
“O digital é uma plataforma multimeios”, esclarece Maria Elisabete Antonioli, coordenadora da graduação em Jornalismo da ESPM. “Com novas possibilidades, no qual o profissional apropria-se também de outras ferramentas, além da escrita, como a fotografia, o vídeo, a edição e o domínio de outros idiomas, alcançando uma posição mais independente para a produção de conteúdos noticiosos.”
A especialista reforça de que houve uma mudança nas práticas do jornalismo, mas não nos pilares e nas condutas que o sustentam. “É inegável que temos mais facilidade, agilidade em ter informações, mas elas diferem do conteúdo profissional”, reforça a coordenadora.
“Todos podem se comunicar e expressar opiniões, graças às possibilidades oferecidas pela internet. No entanto, essas manifestações estão longe de ser jornalismo mesmo querendo ‘imitar’ o fazer”, avalia. “No caso da profissão, a informação é qualificada, construída, segue uma metodologia e questões éticas que são observadas, mesmo quando o jornalista é o criador de seu próprio conteúdo e marca.”
Mudanças no jornalismo
Confira algumas das principais transformações que o jornalismo passou nos últimos anos:
1. Celular facilitou o trabalho
O jornalista pode fazer tudo “praticamente sozinho” com um smartphone. Antes, a cobertura visual necessitava de uma equipe para a captação de imagens e sons, com equipamentos grandes e caros, acessíveis somente ao empregador (no caso rádio, TV. No impresso, ao parque gráfico e à distribuição física).
Apesar do “lado positivo de barateamento dos custos” com qualidade de produção e facilidades para o jornalista executar o seu trabalho (plataformas digitais), em geral o profissional não recebe por esse acúmulo de funções.
2. Ferramentas digitais
Antes mesmo de entrar na faculdade, o profissional já tem acesso e domínio de muitas ferramentas digitais que vão ser utilizadas no dia a dia da profissão, como é o caso das redes sociais, aplicativos e outros recursos dos smartphones.
3. Transmissões em tempo real
A tecnologia proporcionou muito mais rapidez para o registro das notícias, com mais facilidade para as transmissões em tempo real, e com a possibilidade de entrevistas por Zoom sendo veiculadas na TV, dispensando deslocamentos e a presença de equipes especializadas para captar as imagens (nesse caso, a informação e a possibilidade de ter determinado entrevistado prevalecem sobre a qualidade da imagem veiculada).
4. Maior acesso aos dados e fontes
Isso beneficia a reportagem, a checagem, a confrontação de informações (especialmente nos conteúdos investigativos) e a identificação de pontos fracos, facilitando ainda a sua correção.
5. Agências de checagem
Na era de combate às fake news, têm um papel importantíssimo para realizar esse papel de confrontação e comprovação de dados e informações com muita rapidez, estando presente tanto nos próprios veículos quanto nas agências independentes.
6. Search Engine Optimization (SEO)
Apesar das críticas de que limitam a criatividade do profissional, as técnicas de SEO são hoje fundamentais para a produção e divulgação de notícias na internet, mas não dispensam o pensamento ético e crítico na elaboração dos textos.
7. Inteligência artificial
Deve ser aliada para ganhar tempo, facilitar as pesquisas, a checagem e o encontro de novas fontes, mas não pode ser considerada a única ferramenta (ou a substituta) do fazer jornalístico ou do profissional, que tem uma profunda formação humanística, ética e pensamento crítico na execução do seu trabalho.
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