O Exame Nacional do Ensino Médio é uma porta de entrada para cursar uma faculdade no Brasil. Confira a linha do tempo desde a sua criação
O Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) é a maior porta de entrada para um estudante cursar uma faculdade pública ou particular no Brasil. Mesmo assim, não é todo mundo que sabe quem criou o Enem e como a avaliação, cujo objetivo inicial era medir o conhecimento dos estudantes e o ensino no país, passou a ser um exame concorrido.
Afinal, as notas das provas e da redação são aceitas em todas as universidades e institutos federais de educação nacionais e nos programas de bolsas de estudo e financiamento em faculdades particulares, respectivamente ProUni (Programa Universidade para Todos) e Fies (Fundo de Financiamento Estudantil).
Para quem já está pensando na prova que acontece no segundo semestre do ano, mas tem curiosidade de conhecer a história do Enem, confira a linha do tempo da avaliação, que completa 26 anos em 2024:
1998
O Enem foi criado no governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso pelo Ministério da Educação comandado por Paulo Renato Souza. O objetivo era avaliar o sistema de ensino brasileiro e aferir o desempenho dos estudantes e sua capacidade de aprendizagem. Por conta disso, a nota não era utilizada para ingresso na faculdade.
A primeira avaliação foi aplicada em um único dia. A prova de quatro horas de duração teve 63 questões e de 157 mil inscritos, 115 mil estudantes fizeram o exame.
O tema da redação foi “Viver e Aprender” e a avaliação trazia apenas um texto de apoio, que era um trecho da música “O Que É, O Que É” de Gonzaguinha.
2000
A duração da avaliação foi estendida para cinco horas e o exame passou a ser oferecido também em braile.
2001
Para aumentar o acesso de estudantes da rede pública ao exame, o Governo Federal isentou esses alunos de pagarem a taxa de inscrição. Mais de 1,6 milhão de pessoas fizeram a avalição, o que significou um aumento de 400% no número de candidatos em relação ao ano anterior.
2004
O governo lança o ProUni, programa de bolsas de estudo parciais e integrais para ingresso em faculdades particulares, concedido com base na nota conquistada no Enem.
O objetivo era criar uma avaliação mais consistente para que o exame se transformasse na principal porta de acesso às universidades federais brasileiras.
2009
Com a criação do SiSu (Sistema de Seleção Unificada), o Enem passa a ser aplicado em dois dias, sábado e domingo. A prova, agora com 180 questões, foi dividida em quatro áreas do saber – Ciências Humanas, Ciências da Natureza, Matemática e Linguagens e Códigos. São 45 perguntas para cada área, mais a redação.
Nesse ano, um dos cadernos de provas foi furtado na gráfica que imprimia os exames. Como consequência, as provas que seriam realizadas em outubro foram reagendadas para dezembro e o Enem teve a maior abstenção da história: 37,7% dos inscritos não fizeram a prova.
Devido à mudança das provas, a Universidade de São Paulo e a Universidade Estadual de Campinas, por exemplo, não conseguiram usar as notas do Enem para aprovar candidatos para seus cursos.
Além disso, o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) divulgou os gabaritos errados e levou quatro dias para reparar o erro e comunicar as informações corretas, prejudicando mais estudantes que perderam prazos de inscrição nas faculdades.
2011
O exame fica mais inclusivo e oferece atendimento especializado a estudantes com necessidades especiais. A mudança permitiu que 20 mil candidatos deficientes prestassem a prova.
Em 2011, 53% dos participantes se declararam pardos ou pretos, totalizando 5.366.949 pessoas.
2012
A taxa de inscrição passa a ser isenta para pessoas de famílias de baixa renda portadoras do Número de Identificação Social com ganho salarial familiar de até 3 salários mínimos ou renda de até meio salário mínimo por pessoa. De todos os estudantes desse ano, 70% não pagaram a inscrição.
2014
Os governos do Brasil e de Portugal firmam acordo para que os estudantes aprovados no Enem possam estudar nas universidades portuguesas do Algarve e de Coimbra.
2015
O Fundo Financiamento Estudantil (Fies) passa a aceitar as notas do Enem para oferecer financiamento aos estudantes que necessitam de ajuda para pagar faculdade privada. Para recorrer ao benefício é necessário ter uma média de 450 pontos e nota acima de zero na redação.
2017
Após consulta pública feita pelo Ministério da Educação, fica estabelecido que o exame não seria aplicado em um único fim de semana, por ser muito exigente e cansativo. Desde aquele ano, as provas são feitas em dois domingos seguidos.
2018
A solicitação de isenção do pagamento da taxa de inscrição muda de prazo. Desde então, os estudantes devem fazer o pedido antes do período de inscrição.
O benefício é oferecido a alunos do terceiro ano do ensino médio de escolas públicas, estudantes certificados no ensino médio pelo Exame Nacional de Certificação de Jovens e Adultos, alunos de escolas da rede pública ou bolsistas da rede privada cuja renda familiar é de 1,5 salário mínimo por pessoa e os inscritos no CadÚnico.
2020
Por conta da pandemia, as provas do Enem 2020 foram realizadas em janeiro de 2021. Mas a maior novidade do exame foi a criação do Enem Digital, que permitiu aos estudantes escolherem fazer a prova pelo computador ou impressa. A exceção ficou por conta da redação, que foi impressa nas duas modalidades.
2022
Com a implementação do Novo Ensino Médio em 2022, o Ministério da Educação anunciou mudanças no exame a partir de 2024.
No primeiro dia, além da redação a prova aborda questões de matemática e português. No segundo dia, as questões versam sobre os itinerários formativos do Novo Ensino Médio. Na inscrição para o exame, os estudantes escolhem um de quatro blocos:
- Bloco I – Linguagens e Suas Tecnologias e Ciências Humanas e Sociais Aplicadas
- Bloco II – Matemática e Suas Tecnologias e Ciências da Natureza e suas Tecnologias
- Bloco III – Matemática e Suas Tecnologias e Ciências Humanas e Sociais Aplicadas
- Bloco IV – Ciências da Natureza e Suas Tecnologias e Ciências Humanas e Sociais Aplicadas
Além das perguntas de múltipla escolha poderão ser usados outros formatos como questões dissertativas. De acordo com o Ministério da Educação, caberá ao Inep decidir como serão as provas.
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