Estilo batizado em uma playlist do Spotify mistura vários gêneros e é comparado a um panelaço
Por Marcella Lizaso
O que é Hyperpop? Como dizem, “I know it when I see it” (Eu sei quando eu vejo, em português). Não tem como definir a não ser escutando, então aqui tem uma música para te preparar pelo que vem aí:
Para alguns um bate panela, mas para outros é um movimento musical muito divertido, particular e diferentão, que mistura vários gêneros criando um que não pode ser definido. Se é uma satira, uma ironia ou se é, de fato, uma nova classificação ninguém sabe dizer.
Um pouco de história
O termo que deu nome ao Hyperpop não foi criado por profissionais da indústria da música ou pelos próprios músicos desse estilo, mas sim por fóruns do Reddit. Entretanto, a nomenclatura só se tornou algo definitivo quando a plataforma de streaming Spotify criou uma playlist que agrupava artistas que pareciam se adequar ao gênero.
As músicas desse estilo são caracterizadas por terem um som muito brilhante, um baixo distorcido e vocais agudos. Além disso, sons artificiais como sintetizadores e percussões metálicas estão muito presentes. As letras? Completamente pessoais, muito universais ou muito irônicas. Ele é um estilo de música conhecido por brincar com estruturas de Lofi, Bubblegum Pop, o industrial e com o Emo Rap do Soundcloud. A representatividade LGBTQ+ é importante também, já que vemos muitos artistas trans fazendo parte do movimento alterando a voz para que ela seja mais aguda a fim de alcançar uma voz mais feminina.
O Hyperpop é feito por jovens e para jovens e foi criado em um contexto de internet, o que pode ser claramente percebido ao escutá-lo. Muitos traçam o início desse estilo de música com a criação da gravadora PC Music, nome pelo qual, muitas vezes, o Hyperpop é chamado. Esse selo foi criado pelo produtor A.G. Cook em 2013 com o objetivo de tratar como artistas de grandes gravadoras pessoas que nunca fariam música e lançar canções de um estilo muito particular, já que elas pareciam levar o Bubblegum Pop e o próprio Pop ao extremo, algo não muito visto até aquele momento.
Qual a diferença entre Hyperpop e PC Music?
Ela simplesmente não existe. A criação do termo Hyperpop não é nada mais, nada menos, do que uma tentativa de aumentar o movimento e acabar com a ideia de que esse tipo de música é somente feito pela gravadora PC Music. Existem nomes que foram essenciais para o crescimento desse estilo, mas que não eram do selo, como a produtora Sophie e a cantora Charli XCX, responsável por levar esse som para o mainstream. Não tem como falar desse gênero sem citar esses nomes:
Charli XCX
O Pop 2 e Vroom Vroom, álbum e EP de Charli XCX são obras que exemplificam muito o estilo. Quem conhece a cantora por sua participação em Fancy de Iggy Azalea ou sua canção Boom Clap pode estar confuso com o nome dela estar aparecendo aqui, mas ela é uma das artistas responsáveis pelo crescimento do Hyperpop como algo maior do que essa música underground e seleta a um grupo somente.
Sophie
Sophie era uma produtora que, infelizmente, faleceu ano passado, mas, felizmente, deixou um legado inesquecível. Ela fez música por anos, mas só começou a lançar seus próprios projetos em 2015 e, com certeza, não desapontou. Ela é reconhecida por grandes nomes como a rainha do Pop Madonna, e produziu a faixa icônica dela Bitch I’m Madonna. Sophie também produziu muitas músicas de Charli XCX, além de produzir músicas com Vince Staples, Kim Petras, Cashmere Cat, entre outros nomes impressionantes.
Atualmente, existem novos nomes que surgiram e cresceram com o reconhecimento cada vez maior desse gênero. Entre eles, vemos 100 gecs e glaive, de apenas 16 anos, por exemplo, como os grandes nomes no momento.
Rótulos não os definem
Existe uma polêmica em torno do termo Hyperpop. Artistas essenciais ao movimento e já citados, como a Charli XCX e o próprio glaive, duvidam da existência dessa nomenclatura. A geração Z é conhecida por dominar esse gênero e é uma geração que não gosta de se rotular ou de ser colocada em caixinhas, então quando uma empresa criou um nome para algo que é para ser um som mais livre e diferente, muitos se revoltaram, alegando que o que eles tocavam era simplesmente Pop, como uma forma também de serem mais aceitos no mundo da música.
Conteúdo originalmente publicado no Newronio, blog escrito pelos alunos do Arenas ESPM, agência experimental do curso de Publicidade e Propaganda da ESPM.