Nativos digitais estão aprendendo mais rápido a filtrar fake news, diz diretor da Cultura

Leão Serva, diretor de Jornalismo da TV Cultura, bateu um papo com o #TMJ sobre educação midiática, fake news e curadoria de conteúdo

 

A trajetória da TV Cultura é marcada por premiadíssimas produções infantojuvenis que fazem parte da memória afetiva de muitas gerações. Em 2013, foi lançado um novo marco entre suas atrações: o telejornal Repórter Rá Teen Bum, primeiro telejornal brasileiro voltado para crianças. O programa é um spin off da franquia iniciada com o Castelo Rá Tim Bum e que, em 2004, propiciou o surgimento da TV Rá Tim Bum, canal infantil da TV paga.

 

O #TMJ bateu um papo com Leão Serva, diretor de Jornalismo da TV Cultura – Fundação Padre Anchieta, para entender a importância do jornalismo infantojuvenil. Serva tem passagens por diversos veículos de imprensa, incluindo o cargo de Secretário de Redação do jornal Folha de S.Paulo entre 1988 e 1992, é autor de diversos livros que discutem o Jornalismo, como “A Desintegração dos Jornais”, de 2015, e professor do curso de Jornalismo da ESPM.

 

Como os jovens nativos da era digital, nascidos a partir do ano 2000, tiveram sua “educação midiática” e isso de alguma forma afastou os jovens do Jornalismo?

 

Creio que no mundo digital o Jornalismo e as notícias vivem seu momento de maior penetração e audiência. Há notícias publicadas em todo canto por todo tipo de publicações. A indústria de notícias convencional vive uma crise de financiamento, de modelo de negócios. A imprensa tradicional ainda busca seu lugar no novo mundo da mídia, mas a demanda por notícias já provou seu potencial. Os jovens nativos digitais vivem consumindo notícias, mas de um jeito novo, consequência imediata da disrupção.

 

“Creio que no mundo digital o Jornalismo e as notícias vivem seu momento de maior penetração e audiência”

Podemos creditar o avanço das fake news a uma falta ou diminuição de literacia midiática?

 

Sim, principalmente entre os mais velhos. Sem a imprensa convencional, eles têm mais dificuldade de entender o novo ambiente. Os mais expostos a fake news nos grupos de família são avós, pais, tios e tias mais velhos. Os nativos digitais estão aprendendo mais rápido a filtrar e se proteger. Como sempre, eles adotam e aprendem mais rápido.  

 

Por que a TV Cultura achou importante produzir Jornalismo voltado para o público jovem?

 

A Cultura tem sempre o objetivo de renovar seu público e ela tem atividades de educação midiática em curso.

 

Você acredita que iniciativas de reaproximar o jovem das notícias, como Nexo, Meio e Agência Pública, entre outras plataformas, têm conseguido restabelecer essa ponte com os mais jovens a ponto de engajá-los no consumo de notícias?  

 

Sim, há vários casos de sucesso de atração de público jovem e elas prestam um serviço público importantíssimo. Vejo, no entanto, que a ideia de uma marca referencial supõe o estabelecimento de um sistema econômico sustentável que ainda não surgiu ou não se estabeleceu como trend. Ainda estamos assistindo o surgimento de milhares de vozes ou veículos, mas não temos ainda o sistema de mídia que viabiliza os novos modelos de jornalismo que é, essencialmente uma curadoria, um filtro para entregar aos espectadores o mapa do que é mais importante no caos.

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