“Nativos digitais têm vocação para estar conectados com notícias”, diz Petria Chaves

Apresentadora do Revisteen CBN Joca, podcast de notícias para crianças e adolescentes, bateu um papo com o #TMJ

 

O #TMJ bateu um papo com Petria Chaves, apresentadora do Revisteen CBN Joca, podcast de notícias para crianças e adolescentes, feito pela CBN em parceria com o Jornal Joca. Uma conversa sobre Jornalismo, formação de público e sobre o sucesso de seu podcast para o público infantojuvenil, que durante a pandemia tem tido uma audiência de 4 mil cliques e downloads por episódio.

 

Petria trabalha há 15 anos na CBN – e há 6 apresenta o programa Revista CBN. Focando sua carreira em pautas de sustentabilidade e desenvolvimento pessoal, recebeu diversos prêmios, como o APCA, da Associação Paulista de Críticos de Arte. Também é ancora o programa Democracia Digital, realizado pela Agência Lupa, IT&E e Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral.

 

Como surgiu a ideia de trazer o Joca para o rádio?


Pra mim, o Joca chegou como um presente. A ideia foi da Stéphanie Habrich (fundadora do Joca), que entrou em contato com a CBN, que tem essa vocação de inovação e de disseminação da notícia com credibilidade. Resultou numa parceria que juntou a fome com a vontade de comer. Ela chegou para a direção da CBN, os diretores imediatamente abraçaram a ideai e vestiram a camisa. Por conhecerem meu perfil ligado à educação, há muitos anos, pois pesquiso muito a respeito, tenho filhos e sempre que possível trago a questão da maternidade e da educação para meus programas, logo disseram: “você é a âncora que talvez tenha mais a cara desse podcast”. Uma ideia que foi gestada pelo Joca, mas criamos e idealizamos o formato de maneira conjunta. O Joca está investindo no formato podcast. Inclusive, minha filha de 5 anos está apresentando um podcast falando de historinhas e notícias no universo infantil. É sobre ouvir a voz do momento: a Stéphanie a ouviu e a CBN, muito conectada, encampou a história.

 

Você acredita que os jovens nativos da era digital, nascidos a partir do ano 2000, mesmo sem terem tido uma “educação midiática”, se interessam por Jornalismo? 

 

Não é que exista ou não interesse pelo Jornalismo. Existe curiosidade sobre a vida, interesse em entender. Isso é natural do ser humano. Independentemente de ser um jovem da era digital ou não, minha filha de 5 anos está ligada em tudo que está sendo falado sobre a Covid, por exemplo. Outro dia, eu fiz uma entrevista com um rabino. Ela viu que era um senhor de barba branca e perguntou “mamãe, esse senhor é “grupo de risco?”. Isso porque que ela estava ouvindo. Entrei nessa conversa com ela. Tudo isso para dizer que, ainda mais, não pelo Jornalismo em si, mas por entender o mundo. Esses nativos digitais têm uma vocação para estar conectados com notícias. O que precisamos discutir é qual notícia e como essa notícia chega até eles. Talvez não seja por um jornal em papel. Essa investigação teremos de fazer cada vez mais. Como alcançar, com informação clara, profunda e de credibilidade, também para corresponder aos anseios dessa juventude que quer sim, ainda mais, se informar.

 

Podemos creditar o avanço das fake news entre os mais jovens a uma falta ou diminuição de literacia midiática ou do consumo de produtos jornalísticos?  


Fake news é um fenômeno global e intergeracional. Não atinge apenas os mais jovens. Pelo contrário. Os mais jovens, sendo nativos digitais, à medida que crescerem e tiverem diante de um momento de decisão, talvez tenham mais ferramentas para discernir do que a gente, que vive nesse entre-mundos. Porém, a sociedade corre, se desenvolve pelas nossas demandas. A questão da literacia midiática, da educação midiática, está vindo forte porque tem essa demanda forte. As pessoas mais idosas sofrem mais com a falta de entendimento desse mundo.

 

Mas não seria papel do Jornalismo também “criar público” para o Jornalismo?


Claro que você precisa ensinar esse jovem a atravessar essa rua, quais são os faróis, quais são as regras. Isso a gente precisa ensinar. Nós adultos, que não somos os nativos digitais, a gente que vai ter de estar muito atento a isso agora. Eles vão estar absorvendo tudo e vão estar criando seu repertório próprio para se proteger. Sempre acredito muito no potencial humano. Não acredito nas nossas gerações como vítimas de um processo. Acredito na gente como construtores do processo. Acredito que essas gerações, mais do que nunca, vão mostrar isso para a gente.

 

Qual o escopo editorial do Revisteen? Como definem suas pautas? 


O escopo editorial é factual, o hard news. A gente faz nossa reunião de pauta comigo, a Stephanie e nosso gerente de Jornalismo, que é o Douglas Ritter. A Stéphanie traz algumas sugestões, pois o Joca já trabalhou com essas questões durante a semana, e a gente, pelo lado da CBN, em contato com o factual, o hard news, a gente fala “bacana, beleza”, às vezes o Douglas dá uma sugestão, eu dou uma sugestão, mas a gente sempre faz isso em conjunto de redações Joca/CBN.

 

Vocês têm retorno do público jovem, de pais e educadores sobre o Revisteen?


Vou contar duas passagens para vocês. Minha filha de cinco anos estava no clube, ela faz aulas de tênis, que foram liberadas para duas crianças por vez, por causa da pandemia e são crianças aleatórias que se encontram no jogo. A criança que foi jogar com ela nesta semana, que ela não conhecia, ela disse “eu ouço o podcast CBN/Joca”. Minha filha disse “minha mamãe que apresenta!”. A gente não tem a dimensão de como esse alcance pode acontecer. Talvez seja muito maior do que a gente imagina. Tenho recebido muito retorno de professores e também dos jovens, que não mandam mensagens para a gente, porém, quando encontro jovens nas mais diversas situações, sempre que comento que sou a Petria Chaves e que trabalho na CBN, a pessoa comenta do Revisteen CBN Joca. A gente está em pleno processo de construção.

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