Muitas das coisas que conhecemos e utilizamos – e que parecem obvias hoje – não foram pensadas originalmente para ser o que viriam a se tornar…
Já imaginou estar em casa, tentando criar uma solução para um problema e, de repente, descobre que não vai conseguir – mas que aquilo que você “inventou” serve para resolver outro problema? É o bom e velho “atirou no que viu e acertou no que não viu”. Pois saiba que até mesmo inventores e pesquisadores experimentados tem seu dia de “curioso”. Reunimos alguns desses exemplos pela História.
Velcro
Quem nunca teve de passar um tempo arrancando carrapichos das roupas depois de uma caminhada bucólica pelo campo – ou por atravessar um trecho com mato mais alto? Pois é: essas sementes espinhosas, comuns a muitas plantas, grudam de um jeito bem firme. Em 1941, após uma caminhada com seu cão, o engenheiro suíço George de Mestral, em vez de ficar irritado com essas sementes grudadas tanto na barra de suas calças quanto nos pelos de seu cão, resolveu olhá-las no microscópio e viu que suas pontas eram como pequenos ganchos – que, em contato com as fibras de qualquer tecido (inclusive os sintéticos), se agarrava a elas criando uma forte aderência. Em um dos grandes exemplos de biomimetismo (algo como “imitar a natureza”), ele resolveu utilizar o princípio para criar algo que funcionasse tão bem no fechamento de roupas quanto botões e zíperes. E criou o velcro – nome que combina as palavras velvet (veludo) e crochet (crochê), cujas agulhas também se parecem com as pontas dos carrapichos.
Viagra
Durante testes sobre os efeitos do uso de Citrato de Sildenafila no tratamento da angina e da hipertensão, os pesquisadores da Pfizer descobriram um efeito colateral que mudou a história da sexualidade humana: o maior fluxo sanguíneo causava ereções nos pacientes masculinos. Inventou-se, assim, o Viagra, patenteado em 1996. E o resto virou história…
Marca-passo
A ideia era apenas criar um aparelho que pudesse ouvir e gravar as batidas cardíacas – mas algo deu muito errado no laboratório do professor de engenharia elétrica da Universidade de Buffalo, Wilson Greatbatch… Em vez de gravar os sons, o tal aparelho emitia pulsos elétricos intermitentes e ritmados que, na verdade, reproduziam com perfeição o batimento cardíaco! Mas esse “desvio de função” não empanou o brilho desse premiado inventor, que recebeu mais de 150 patentes e entrou para o Hall da Fama dos Inventores Nacionais dos Estados Unidos. Ao contrário: ele havia inventado, lá em 1956 o marca-passo, implantado em um paciente pela primeira vez em 1958 e, até hoje, é um aliado de pessoas com problemas cardíacos de ritmo no bombeamento sanguíneo.
Palito de fósforo
Os humanos já dominavam o fogo há bastante tempo, mas ainda não conseguiam produzi-lo de forma simples e “portátil”. A história rendeu… Em 1669, o alquimista alemão Henning Brandt estava tentando transformar urina em ouro (!) e, por acaso, descobriu o elemento químico fósforo. Pouco depois, em 1680, outro físico, o irlandês Robert Boyle, ouviu falar da descoberta do colega germânico e resolveu impregnar o fósforo em uma folha áspera e esfregar nela um palito com enxofre. Mas a coisa ficou parada nesse avanço – e esse método de fazer fogo “não pegou”… Até o século 19, quando as pessoas esfregavam uma pedra de sílex em uma superfície de aço para conseguir cozinhar em casa… Isso até 1826, quando o farmacêutico inglês entra em cena: sem querer, ele viu que um palito com o qual estava mexendo uma mistura de sulfeto de antimônio e clorato de potássio pegou fogo quando ele foi raspado acidentalmente contra o chão de pedra. Ele adicionou cola e amido à mistura e inventou os palitos de fósforo, cuja ponta era embebida nessa mistura. Mas a criação era perigosa demais, pois os palitos acendiam sozinhos dentro da caixa… Eis que surge em cena o sueco John Edvard Lundström: ele simplesmente separou os ingredientes inflamáveis: uma parte ficava na ponta do palito e a outra do lado de fora da caixa. Mesmo não tendo inventado os palitos, ele os aperfeiçoou, criando, assim, os fósforos de segurança.
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