Habilidades que nos diferenciam da inteligência artificial deverão ser cada vez mais valorizadas no mercado de trabalho
Não é de hoje que se fala em soft skills, um conjunto de competências e habilidades emocionais aplicadas ao trabalho, mas recentemente essa discussão vem ganhando força principalmente por causa da evolução tecnológica, das incertezas em relação ao futuro do trabalho e do surgimento de novas profissões. “Embora em alguns casos os robôs estejam substituindo o homem, estão e continuarão sendo criados novos cargos e postos dos quais nada sabemos ainda, o que aumenta a necessidade de profissionais hábeis para lidar com incertezas e novos aprendizados”, explica Cristiano Amaral, coordenador acadêmico do ESPM LifeLab, o programa de desenvolvimento de soft skills da ESPM.
É importante ficar claro que as hard skills (competências técnicas) continuarão ajudando um profissional a conquistar um bom emprego, mas são as soft skills (por exemplo, resiliência, saber lidar com frustrações, ter empatia) que o farão progredir na carreira e alcançar o sucesso. Segundo Amaral, a competência técnica é o ingresso para entrar no jogo, mas o que vai ser avaliado no jogo é a capacidade de a pessoa lidar com questões de relacionamento interpessoal e com suas próprias emoções.
Quais são as principais soft skills
O professor cita o relatório Education for Life, publicado no Brasil pelo Instituto Porvir, que define três grupos de competências: cognitivas, relacionadas a pensamento crítico, estratégia, processos de aprendizagem, memória e criatividade; interpessoais, que se referem a expressão de ideias, interpretação e resposta aos estímulos de outras pessoas; e intrapessoais, que é o autoconhecimento para aprender a lidar com suas próprias emoções para agir no mundo.
Há tantos componentes humanistas desejados no perfil do profissional que já se chama isso de human skills (habilidades humanas). “Uma pessoa não chega ao cargo de CEO sem soft skills. Quanto mais alto um profissional está na hierarquia, menor o peso do conhecimento técnico em suas funções, já que ele terá abaixo de si uma equipe que vai fazer o trabalho que precisa ser feito, e maior o peso das soft skills, já que gestão de pessoas é muito baseada em competências socioemocionais, afirma o professor.
Como desenvolver soft skills
Amaral explica que existem duas formas de desenvolver soft skills: na prática, diante do aperto conforme as situações forem acontecendo, ou por meio do estudo e da curiosidade por disciplinas que abordam esses conteúdos, como é feito no ESPM LifeLab ou em cursos de educação continuada.
Quanto mais cedo uma pessoa começar a desenvolver essas capacidades, mais tempo vai ter para se preparar para o mercado e para identificar o que pode fazer. “Algumas universidades estão na missão de formar profissionais completos e isso inclui desenvolver soft skills, porque só hard skills não bastam”, explica Amaral.
Também é importante investir no autoconhecimento, pois é a partir dessa análise que surge a habilidade de saber lidar com desenvoltura com as pessoas, ter empatia, se comunicar bem, entender que os indivíduos são diferentes e agem de maneiras distintas, ter pensamento crítico e capacidade de análise de contexto, entre outras características.
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