10 filmes cultuados, mas que floparam nas bilheterias

“Incompreendidos”, “à frente de seu tempo” ou simplesmente vítimas de lançamentos mal planejados, esses “fracassos de audiência” confirmam: o tempo é senhor da razão

 

Alguns filmes que foram sucesso absoluto de bilheteria em seu lançamento (e até abocanharam toneladas de prêmios) acabam apagados da memória da maioria ou, no pior dos casos, “envelhecem mal” – ou seja: não fazem sentido fora de seu tempo e rumam ao esquecimento ou à irrelevância.

 

Outros, porém, percorrem o mesmo longo caminho, mas no sentido oposto: de verdadeiros fracassos, ignorados tanto pelo público quanto pela crítica, se tornam adorados com o tempo, verdadeiros fenômenos cult – daqueles que lotam qualquer sessão nostalgia em salas de cinema, são dos preferidos nas reprises da TV e têm cadeira cativa nos menus de serviços de streaming. Sem falar, claro, na legião de fãs ardorosos que, na maioria das vezes, nem eram nascidos quando eles foram lançados.

 

Escolhemos aqui 10 desses “clássicos” que sobreviveram à indiferença e à rejeição iniciais – usando um critério bastante simples: o prejuízo que causaram a seus produtores comparando suas bilheterias a quanto custaram para ser produzidos à época.

 

A Fantástica Fábrica de Chocolate (1971)

 

 

Com roteiro do próprio autor do livro infantil Charlie and the chocolate factory, no original em inglês, o aclamado Roald Dahl, a produção alcançou apenas o 53º lugar entre as maiores bilheterias daquele ano (em que Love Story – Uma história de Amor, Verão de 42, Operação França, 007 – Os Diamantes são para Sempre e A Última Sessão de Cinema foram alguns dos títulos que se revezaram na 1ª posição). Em números de então, essa foi uma produção de US$ 3 milhões que não passou de US$ 4 milhões em arrecadação (sendo US$ 2,1 milhões no final de semana de estreia). Apenas para comparação: a maior bilheteria de 1971, Billy Jack, foi de US$ 98 milhões.

 

A Felicidade não se Compra (1946)

 

 

Eleito como o “filme mais inspirador de todos os tempos” pelo American Film Institute, que o colocou em 20º lugar na lista dos 100 melhores filmes dos EUA de todos os tempos – dirigido por Frank Capra, italiano naturalizado americano. Os produtores haviam estabelecido como meta alcançar US$ 6,3 milhões no lançamento – para a produção de US$ 3,8 milhões. Não chegou nem perto: US$ 3,3 milhões. O motivo: o filme Os Melhores Anos de Nossas Vidas, sobre soldados da Segunda Guerra que buscam se readaptar à vida civil, foi lançado apenas uma semana antes (e repetiu no Oscar a “lavada”, levando o prêmio de melhor filme, deixando a obra de Capra sem nenhum prêmio). Ironicamente, foi a TV, que reprisou o filme a cada Natal, que ajudou a tornar essa fábula natalina em um clássico que atravessa gerações.

 

Blade Runner: o Caçador de Androides (1982)

 

 

ET – O Extraterrestre passou praticamente o ano todo no topo do ranking das bilheterias em 1982 (para se ter uma ideia, Guerra nas Estrelas – O Império Contra-ataca, por exemplo, ficou apenas uma semana no topo da lista, na semana de lançamento). Ou seja: sobrou pouco espaço nas salas de cinema ou no coração dos espectadores para esta obra-prima de Ridley Scott, adaptada do livro Androides Sonham com Ovelhas Elétricas, de Philip K. Dick. Mesmo estrelado por Harrison Ford (astro que ajudou a manter Os Caçadores da Arca Perdida no topo das bilheterias no ano anterior), a produção de US$ 28 milhões ficou nos US$ 27,5 milhões.

 

Cartas de Iwo Jima (2006)

 

 

2006 foi um ano em que não houve um grande blockbuster que dominasse as bilheterias. E nem um tipo específico de filme: o que vimos foi uma sucessão de líderes na lista, de Missão Impossível 3 a Todo Mundo em Pânico 4, de Vovó… Zona 2 a Serpentes a Abordo e Jackass 2. Pelo visto, seria mesmo muito difícil uma obra como Cartas de Iwo Jima atrair a atenção. Esse belíssimo drama de guerra, sobre cartas enterradas em uma ilha relatando a história de soldados japoneses que lutaram (e morreram) em uma batalha no Pacífico na Segunda Guerra, fechou as contas no vermelho: US$ 19 milhões contra US$ 13,7 milhões de arrecadação. Ele até ganhou o Globo de Ouro de Melhor Filme em Língua Estrangeira (ele é falado em japonês) e foi indicado a vários Oscar (inclusive o de melhor diretor para Clint Eastwood), levando apenas o de Edição de Som.

 

Cidadão Kane (1941)

 

 

Parece quase inacreditável que este filme, apontado em diversas listas pelo mundo como o melhor de todos os tempos (inclusive com críticas positivas em seu lançamento), tenha naufragado nas bilheterias. Mas a história desse “fracasso” passa por lugares obscuros: o magnata da mídia William Randolph Hearst, ao descobrir que o personagem Charles Foster Kane era uma versão ficcionalizada de si mesmo, simplesmente proibiu qualquer menção ao filme em qualquer um dos jornais de sua vasta rede pelos EUA – e fez questão de tornar isso o mais público possível. A ponto de, com medo de retaliações, muitos cinemas optarem por simplesmente não o exibir, levando a produção de US$ 839,7 mil arrecadar apenas US$ 683 mil no lançamento. Relançado algum tempo depois, bateu em US$ 1,8 milhão.

 

Clube da luta (1999)

 

 

Em anos com “safras” especiais, como 1999 (em que Star Wars – Episódio 1 – A Ameaça Fantasma, O Sexto Sentido, Toy Story 2 e 007 – O Mundo não é o Bastante disputaram a liderança nas bilheterias), até que este filme não fez feio: ficou em primeiro lugar entre 11 e 17 de outubro. Infelizmente, não foi o suficiente para evitar o nocaute da dupla Brad Pitt e Edward Norton… A um custo de US$ 63 milhões, rendeu pouco mais que a metade disso na venda de ingressos, com US$ 37 milhões.

 

Highlander – O Guerreiro Imortal (1986)

 

 

1986 foi um ano fértil em filmes que já nasceram “clássicos”, como A Garota de Rosa Shocking, A Lenda, Top Gun – Ases indomáveis, Crocodilo Dundie e Aliens – O Resgate. A história do guerreiro escocês do século 16 que faz parte de um grupo de outros guerreiros imortais demorou para entrar no time: com custo de produção de US$ 19 milhões, patinou nos US$ 12,9 milhões de bilheteria (sendo que boa parte disso veio da plateia da Europa). Se demorou para “engatar”, depois se tornou um cult com várias (e algumas dispensáveis) sequências e até inspirou uma (razoável) série de TV.

 

Rocky Horror Picture Show (1975)

 

 

Esse anárquico (cultuadíssimo e divertidíssimo) musical trash até hoje leva, no mundo todo, multidões de fãs vestidos como seus personagens a concorridas “sessões coruja” à meia-noite (nos quais eles repetem de cor falas do filme e reproduzem cenas e coreografias diante da telona). Até hoje, o filme de apenas US$ 4 milhões já faturou mais de US$ 226 milhões e é considerado o longa há mais tempo “em cartaz”, exatamente por causa dessas sessões. Então, por que está nessa lista a “saga” de Dr. Frank-N-Furter, sua criatura Rocky Horror, Janet Weis, Brad Majors, Magenta, Riff Raff e outros personagens inesquecíveis (como o criminologista que faz o papel de narrador da trama que é sempre vaiado pela plateia quando surge na projeção)? Simples: no lançamento, as salas de cinema ficaram às moscas…

 

Um Sonho de Liberdade (1994)

 

 

Como competir com Uma Babá Quase Perfeita, Filadélfia, Quatro Casamentos e um Funeral, Os Flintstones, O Rei Leão, Forrest Gump, True Lies, Pulp Fiction, Velocidade Máxima e Corra que a Polícia Vem Aí 33 e 1/3 – O Insulto Final? Ufa: cansa só de pensar no desafio. E realmente Um Sonho de Liberdade teria poucas chances… E olha que era a adaptação da obra Rita Hayworth and Shawshank Redemption, de Stephen King, estrelada pela dupla de protagonistas Morgan Freeman e Tim Robbins. E o investimento de US$ 25 milhões amargou um prejuízo de US$ 9 milhões, arrecadando apenas US$ 16 milhões.

 

Um Tiro na Noite (1981)

 

 

Mesmo fazendo parte da seleta lista de “melhores filmes” do cultuado diretor Brian de Palma, cheio de referências e homenagens ao gênero que consagrou Hitchcock, a obra que conta como um jovem Travolta (então com 27 anos) mergulhando numa trama de conspiração a partir de um acidente aparentemente banal de um figurão da política. No lançamento, faturou apenas US$ 12 milhões – contra US$ 18 milhões do custo de produção. Talvez tenha sofrido com o sucesso de outro clássico (esse instantâneo): Caçadores da Arca Perdida, que dominou as bilheterias em 1981, que hoje chega a US$ 389,9 milhões…

 

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