A arte perdida das capas de livro de sci-fi

Retratando personagens e paisagens nunca antes vistos, as capas do gênero estão se tornando obras de arte que envolvem as pessoas pelos estilos singulares

 

Por Nicole Camperoni 

 

Por mais que nem sempre gostemos de admitir, nós escolhemos os livros que lemos pela capa. Não faz mal aceitar essa verdade, afinal as capas de livro servem exatamente para isso: atrair o leitor para que ele prefira aquela determinada história. Porém, mais do que isso, capas de livro vêm se tornando, através de décadas, obras de arte quase que independentes, que envolvem as pessoas pelos estilos singulares que retratam personagens e paisagens nunca antes vistos.

 

Existe um gênero específico de livros que gerou um gênero específico de arte para capas, que é talvez o mais cativante nesse mundo: a ficção científica. Desde suas primeiras aparições, as histórias de sci-fi vieram acompanhadas de ilustrações que condiziam com o clima proposto pelos enredos, geralmente descritas como coloridas, berrantes e dignas de pesadelos.

 

O primeiro artista de ficção científica foi Frank R. Paul, que em 1914 foi responsável pela criação das capas da revista Amazing Stories, o primeiro meio onde foram publicadas histórias de sci-fi. Foi a partir dessas capas que se estabeleceu uma certa imagem associada a esse gênero, que passava a se tornar uma experiência ao juntar as histórias com a arte.

 

Foto: Reprodução

Vinte anos depois, com a ideia dos livros em brochura, publicar as histórias de ficção científica se tornou mais fácil para autores desse gênero, que também revolucionaram na hora de pensar nas capas de suas obras. Até então, livros publicados por grandes editoras como a Penguin Books eram todos iguais, de uma mesma cor um com uma mesma característica, sem nada que chamasse atenção para o enredo de cada um em particular.

 

A partir de 1939, as capas passaram a ser feitas com arte que podia vir de diversos meios. Alguns livros traziam pedaços ou até mesmo obras completas já existentes de artistas modernos e surrealistas que, por coincidência, refletiam os temas obscuros expostos pelas histórias.

 

Foto: Reprodução

Conforme os anos foram passando, a “moda” nas capas foi mudando, e os autores passaram a contratar artistas para fazer obras especialmente pensadas para os seus livros, o que tornou alguns artistas de sci-fi famosos nos anos 60 e 70, como Alan Aldridge, Franco Grignani e David Pelham, que foi o responsável por uma das capas mais icônicas do clássico de ficção científica Laranja Mecânica, de Anthony Burgess. Esses artistas comissionados se inspiravam na arte moderna e na surrealista, que já estavam muito presentes no gênero sci-fi, e as vezes iam tão longe nos seus conceitos abstratos que algumas capas não passavam nem perto de retratar os temas abordados nos livros.

 

Foto: Reprodução

Esse sub-gênero da arte, assim como o gênero dos livros que deu origem a ela, não recebeu o reconhecimento que deveria ao longo de sua história, mesmo que hoje em dia tenha se popularizado bastante. Mas isso não foi de todo o ruim, afinal o fato de não terem muita visibilidade também levou os artistas a não receberem muitas críticas, o que os deu mais liberdade para que criassem imagens cada vez mais fora dos padrões da época, o que nada mais é do que a verdadeira ideia do sci-fi.

 

A verdade é que, quando o assunto é ficção científica, nada é mais válido do que julgar o livro pela capa, afinal cada uma delas foi pensada como uma obra de arte, que você pode levar para casa e deixar na sua cabeceira, bem pertinho de você.

 

Conteúdo originalmente publicado no Newronio, blog escrito pelos alunos do Arenas ESPM, agência experimental do curso de Publicidade e Propaganda da ESPM.

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