Até a segunda metade do século 19, só era possível ouvir música ao vivo – mas, de lá para cá, muita coisa mudou. O que virá depois do streaming?
Fosse uma orquestra completa se apresentando em grandes salas de concerto ou apenas uma camerata (ou um trio ou quarteto de cordas) tocando numa residência – ou músicas saltimbancos alegrando praças públicas ou estalagens –, fato é que, por melhor que fosse, a música era para ser apreciada ao vivo. E guardar na memória. A paixão pela música, porém, motivou a humanidade a buscar formas de registrá-la para poder usufruir dela a qualquer momento. Ou até mesmo registrar grandes obras e performances para que fossem perpetuadas. Afinal, toda a produção musical que nos chegou até hoje em forma de partituras deve representar uma parte bem pequena de toda a produção musical dos séculos que nos precederam… Dos primeiros registros até a distribuição digital de música, vamos viajar pela história desses registros sonoros.
1877
O impressor, bibliotecário e vendedor de livros francês Édouard-Léon Scott de Martinville patenteou em 25 de março de 1857 o fonoautógrafo. Tratava-se de um aparelho que gravava os sons em um cilindro (e realizou a primeira gravação da voz humana de que se tem notícia na História, cantando a canção “Au Clair de la Lune”, em 9 de abril de 1860), mas que, apesar de captar o som na forma de uma “imagem”, não conseguia reproduzi-la…
Ouça essa gravação encontrada em 2008 em um arquivo em Paris:
Demorou até 1877 para que Thomas Edison, enquanto fazia experimentos com o telégrafo, acabou por inventar o fonógrafo, registrando a vibração sonora de sua própria voz por meio de uma agulha que a reproduzia em uma folha de estanho enrolada como um cilindro – criando sulcos na sua superfície, que eram “lidos” por uma outra agulha, do outro lado do cilindro, reproduzindo assim (pela primeira vez) o som gravado.
1888
O alemão Emil Berliner, utilizando uma agulha que percorria as ranhuras gravadas pela vibração sonora em um disco plano giratório coberto com materiais tão diversos quanto cera, goma laca, vinil e cobre, apresenta ao mundo o gramofone. Uma espécie de corneta tratava de amplificar o som captado.
1928
A partir da tecnologia de gravação em cabos magnéticos criada pelo engenheiro dinamarquês Valdemar Poulsen em 1898, o alemão Fritz Pfleumer utiliza pela primeira vez uma fita magnética (fita plástica coberta de material magnetizável) para registrar áudio – e desencadeou uma série de novos equipamentos e formatos magnéticos analógicos e digitais para registro de som, vídeo e dados de computador.
1940
Inicia-se a era do disco de vinil, o que ajudou a aumentar a quantidade de músicas gravadas (e o tempo de reprodução) e a baratear a produção – e, consequentemente, popularizar o consumo de música pela compra de discos.
1963
A empresa holandesa Philips adapta a tecnologia de fitas magnéticas para um modelo compacto e portátil, que aqui no Brasil ficou conhecido por fita cassete (ou apenas K7). Isso abriu a possibilidade de que pessoas, de posse de fitas “virgens” pudessem produzir suas próprias seleções musicais, fazendo com que gravadores portáteis se tornassem uma febre.
1979
O dia 1º de julho desse ano marca a chegada ao mercado japonês do primeiro Walkman, criado pela Sony: dessa forma, com o auxílio (ou não) de fones, as pessoas podiam ouvir música enquanto se locomoviam. Além de reproduzir fitas gravadas, permitia que fosse usado como um gravador.
1982
Abreviatura de Compact Disc, o CD foi lançado em 1º de outubro de 1982 – primeiramente nos mercados japonês e europeu. Inicia-se, então, a era da música digital (que abriu caminho para o surgimento dos CD-ROMs, dos DVDs e dos blue-rays). Mas o princípio por trás da invenção vem de mais longe: discos ópticos que utilizam substrato transparente foram criados em 1958 – e patenteados em 1961, servindo de base para a Philips desenvolver seu disco óptico de substrato refletivo em 1969.
1984
A Sony faz uma adaptação de seu megassucesso walkman e lança o Discman, para a reprodução móvel de CDs – sendo seguido em 1992 pelo lançamento do Walkman MiniDisc.
1995
Em setembro de 1995, a AudioNet coloca no ar, em parceria com a rádio KLIF de Dallas, no Texas (EUA) a pioneira transmissão contínua e ao vivo de uma emissora comercial na Internet.
1997
This Day In Music 1998 – The first mass-produced digital audio player, the MpMan is introduced ushering in the age of being able to carry around massive amounts of terrible sounding music. pic.twitter.com/TrTuxxOCeR
— KEF America (@KEF_America) March 11, 2018
A empresa sul coreana SaeHan Information Systems criou nesse ano o primeiro MP3 player, o MPMan – para reproduzir áudios gravados no sistema MPEG 1 Layer-3, cuja abreviatura virou o nome do aparelho).
2001
O primeiro modelo de iPod foi lançado pela Apple em 23 de outubro de 2001 – oito meses depois de os computadores Macintosh serem equipados com o iTunes. A revolução: mega armazenamento de músicas no formato digital. Ao pioneiro sucederam-se outros derivados, como o iPod mini, o classic, o shuffle, o nano…
2007
Apesar de o iTunes ter chegado até nós em 2001, como uma “loja” de conteúdo, o serviço de streaming de áudio mais antigo é o Deezer – que puxou a fila de vários serviços, como o Spotify. Uma revolução que está à espera de qual será a inovação que vai “aposentar” essa forma de ouvir música.
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