Para que serve um Oscar?

E uma Palma de Ouro, um Globo de Ouro, um SAG Award, um Grammy, um Independent Spirit Award, um BAFTA, um Critic’s Choice Award. Um Producers Guild Award, um Directosr Guild of America Award, um Writers Guild of America Award, um prêmio do Círculo de Críticos de Cinema DE Nova York… 

   

Desde criança, acompanho com especial curiosidade e grande encantamento premiações de cinema – principalmente o Oscar e a Palma de Ouro. Esses dois sintetizam, respectivamente, a visão da indústria de um país e um olhar mais cosmopolita sobre a produção de um ano da sétima arte.

 

Com o tempo, perdi um pouco o encanto. Antes, toda vez que o “meu preferido” não ganhava um prêmio, eu tomava ciência de que meu conhecimento ou minha avaliação precisava de “refinamento” e mais amadurecimento. Afinal era a “minha opinião/avaliação” contra a de “especialistas”. Hoje, não mais.

 

Chegou um momento em que eu achava ser falta de estofo para meu julgamento. Só que isso se tornou um desconforto diante de politicagens e escolhas questionáveis. Afinal, como Glenn Close pode ser a atriz viva mais vezes indicada ao Oscar (7x) sem ter vencido nenhuma vez?

 

 E a lista dos atores e diretores que eu julgava “injustiçados” começou a engordar:

– Stanley Kubrick (4 indicações/0 vitórias)

 

– Amy Adams (6 indicações/0 vitórias)

 

– Peter O’Toole (8 indicações/1 Oscar honorário um ano antes de morrer…)

 

– Richard Burton (7 indicações/0 vitórias)

 

– Federico Fellini (12 indicações/1 Oscar honorário)

 

No caso de filmes, veja se você se lembra mais dos vencedores ou dos perdedores:

– 1979: Kramer vs. Kramer (Apocalypse Now e All That Jazz)

 

– 2005: Crash – No Limite (O Segredo de Brokeback Mountain)

 

– 1996: O Paciente Inglês (Fargo)

 

– 1990: Conduzindo Miss Daisy (Sociedade dos Poetas Mortos)

 

– 1942: Como era Verde o meu Vale (Cidadão Kane)

 

A “revolta” só passou quando entendi a coisa mais básica sobre essa ou qualquer outra premiação: ela pode até eventualmente laurear os melhores, mas seu papel realmente tem outros objetivos:

 

– manter o prestígio de quem premia (a “Academia”, os grupos de críticos, produtores, jornalistas e correspondentes estrangeiros etc.)

 

– manter e alimentar a aura em torno da indústria do cinema

 

– ajudar a vender ingressos de cinema e reconhecer quem já vendeu ingressos de cinema (ou acessos por streaming etc.)

 

– fazer politicagem ou ser “politicamente correto” quando necessário (para resgatar ou limpar a imagem da indústria)

 

Com a quantidade de premiações, ao menos no cenário dos Estados Unidos, a sensação que fica é a da premiação da quarta série: haverá um prêmio para cada participante (assim, ninguém sai de mãos abanando). Afinal, it’s just business

 

Apesar de tudo, é sempre muito bom torcer, aguardar as listas de indicados desses muitos prêmios e fazer bolões com amigos. Faz parte do show. No fim, que diferença faz se o melhor ganhar ou não? No meu caso, não muda um milímetro a minha avaliação.

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