Saiba por que essa disciplina é fundamental para a vida e o trabalho podendo ajudar até no desenvolvimento de soft skills
É comum estudantes perguntarem ao professor o sentido de aprender determinada matéria e sua utilidade para a vida prática, mas ninguém deveria questionar por que estudar história. Afinal, para entender o mundo é necessário ter conhecimento sobre fatos históricos desde a ancestralidade da humanidade.
No mundo atual há uma visão autocentrada, baseada em quereres e gostos individuais, mas as pessoas vivem coletivamente e a construção humana se dá em grupos e não individualmente. “A criação de valores, instituições e a organização da economia, por exemplo, são fruto de construções humanas e compreender a história é compreender essa construção e tentar entender como você pode fazer parte dela”, afirma Ricardo Alves Barreira Lourenço, coordenador da área de Ciências Humanas do colégio Pueri Domus, de São Paulo
Um traço característico da juventude é criticar o sistema, dizer que as coisas estão erradas e tinham de ser de outro jeito, que os adultos pararam no tempo e não entendem os jovens, mas eles se esquecem de que tudo é como é hoje, porque é fruto de uma construção coletiva que aconteceu tempos atrás.
A história explica como chegamos até aqui
Para apontar o dedo para a atualidade é fundamental olhar para o ontem e o passado mais distante, porque a história explica como chegamos até aqui. “Explica, mas não justifica como somos”, destaca Lourenço. “O Brasil é desigual por conta da sua história, mas não justifica pensar que as coisas são assim mesmo e não vão mudar”.
Ao analisar a história da colonização brasileira e suas bases escravagistas é possível compreender os caminhos da formação do país desde o descobrimento e pensar no que pode ser feito hoje para mudar esse cenário de desigualdades persistentes. Dependendo da profissão escolhida pelo estudante, aquele desejo de querer mudar o mundo pode se concretizar.
Entender os fatos lapida as soft skills
O estudo da história abre horizontes de conhecimento sobre as sociedades, a construção política, econômica, religiosa e cultural das nações e esse entendimento pode fazer a diferença no trabalho. Em uma viagem de negócios, comentar sobre um autor renomado do país que está sendo visitado quebra o gelo antes de uma reunião, por exemplo.
“Conhecemos pouco a história de alguns países e o desconhecimento histórico leva a julgamentos e a erros de avaliação enormes”, pondera Lourenço. “O estudo da história tira preconceitos e incompreensões”.
Entender o contexto evita cancelamentos
Uma maneira de despertar o interesse para esse tema é ser curioso sobre o que está mais próximo. Quem nunca se perguntou quem foi a pessoa que dá nome a uma rua da sua cidade ou bairro? “Estudei em uma universidade que fica perto das ruas Bartira e João Ramalho. Ele era português e se casou com Bartira, filha de um cacique, e assumiu importante papel na tribo”, conta o professor, exemplificando que é possível descobrir a história das coisas motivado pela curiosidade.
Quando se anda pela cidade em busca de conhecimento histórico o seu olhar sobre esses locais muda e aos poucos aprende-se a analisar quando e como as coisas aconteceram. Entender o contexto é uma maneira de compreender onde estamos e de calçarmos as sandálias da humildade acerca de opiniões preconcebidas que podem levar a cancelamentos.
“Aristóteles colocava a mulher abaixo do homem, mas cancelar ele é fechar os olhos para uma grandiosidade de coisas do seu trabalho”, afirma o professor. A mesma ideia pode ser atribuída aos bandeirantes. A despeito de suas atitudes controversas e injustificáveis, havia um contexto para a presença deles no país. Foram os protagonistas das Entradas e Bandeiras, fundamentais para o processo de colonização. O estudo da história permite um olhar mais compreensivo e menos beligerante acerca de posições diferentes.
Livros para entender a história do Brasil
Se você ficou interessado em entender mais sobre a história do Brasil, a dica do professor Ricardo Lourenço são os livros do jornalista Laurentino Gomes: 1808, 1822 e 1889 e a trilogia Escravidão.
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