Psicóloga explica do que se trata a “podridão cerebral” e aponta formas de a evitar e quais atividades ajudam a reverter seus efeitos
Você sabe o que é brain rot? A expressão, que pode ser traduzida como podridão cerebral, teve mais de 130 mil buscas ao longo de 2024, e foi apontada como a palavra do ano pelo dicionário Oxford. Para entender seu real significado, conversamos com Mariana Malvezzi, psicóloga e professora de psicologia e gestão da ESPM.
O que é brain Rot e como afeta a nossa produtividade?
Brain rot se refere a uma deterioração mental causada pela hiperexposição a conteúdos superficiais e momentâneos. “O excesso tem causado não apenas um esgotamento mental como também leva ao declínio da nossa capacidade de concentração, dedicação e, não de reflexão frente aos desafios impostos pelo mundo”, explica Malvezzi.
O que brain rot diz sobre o momento atual da sociedade?
O termo diz muito sobre o momento que vivemos. Hiperestímulo, fragmentação, ilimitabilidade, instabilidade e fluidez são experiências cotidianas de grande parte da população que podem causar ansiedade e uma busca incessante por novos estímulos. Entenda mais sobre esses conceitos:
- Hiperestímulo: é a exposição constante a um excesso de informações, estímulos sensoriais, visuais e sonoros. Demandas muito corriqueiras, especialmente em um mundo digital. Isso pode gerar ansiedade e dificuldade de concentração.
- Fragmentação: é a falta de continuidade e coesão nas experiências cotidianas. Estamos frequentemente pulando entre tarefas, ideias ou ambientes, sem tempo de transição entre de uma à outra, o que torna o mundo mais automatizado e com pouco espaço para qualquer reflexão.
- Ilimitabilidade: é a percepção de que tudo é acessível ou possível, sem limites ou contornos claros, o que pode ser tanto libertador quanto opressor, levando a sensação de nunca ser suficiente.
- Instabilidade: se dá em mudanças constantes nas relações, empregos, tecnologia e até valores culturais. O que torna difícil estabelecer um senso de segurança ou permanência.
- Fluidez: o termo está associado a nada ser fixo, incluindo identidades, estruturas sociais e até mesmo conceitos como verdade ou realidade. Tudo parece estar em constante transformação.
Quais atividades podem ajudar a reverter os efeitos do brain rot?
O primeiro passo é reconhecer os efeitos da hiperexposição, hiperestímulo e grande instabilidade que nos causam tanto nos aspectos físicos quanto nos psicológicos. Após esse reconhecimento, é importante que cada pessoa pense em estratégias de enfrentamento para lidar com esta nova realidade.
É necessário rever o tempo em que se mantém online e acessando as redes sociais. Também é importante buscar interagir com outras pessoas fora do mundo virtual e fazer atividade física. “Vale ressaltar que não existe uma resposta única e universal para um problema tão complexo”, afirma Malvezzi.
Existem hábitos ou práticas para manter o cérebro “saudável” e ativo?
Segunda a professora é importante buscar atividades e interações que tragam o equilíbrio no dia a dia de uma pessoa. “O mundo off-line é a resposta para essa pergunta. É necessário buscar na rotina momentos que tenham linearidade, pouca oscilação e limitação de recursos (físicos e visuais). A vida real não permite que a gente navegue de um espaço para o outro em apenas um só clique”, comenta a psicóloga.
Palavra do ano no Brasil
A consultoria CAUSE escolheu “ansiedade” como a palavra do ano no Brasil. A escolha se deu após um processo feito em duas etapas. Primeiro, um grupo de especialistas das áreas de comunicação e ciências sociais definiram cinco palavras que capturam as dinâmicas e preocupações do ano de 2024 no Brasil. Depois, as palavras foram submetidas a uma pesquisa quantitativa com amostra representativa da população brasileira a partir de dados do Censo 2022 do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), que consultou mais de 1.500 pessoas de todas as regiões do país.
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