O rápido avanço da IA gera apreensão em diversos setores, principalmente em profissões criativas, como a de designer
O recente salto evolutivo da inteligência artificial causa ansiedade e preocupação em diversas áreas do trabalho humano. Em um cenário em que as máquinas já são capazes de desenvolver imagens, textos, músicas e vídeos, os profissionais de setores ligados ao campo criativo, como os designers, já se questionam: qual será o espaço reservado para os humanos em projetos artísticos?
“A inteligência artificial tem transformado o design, automatizando tarefas repetitivas, oferecendo insights baseados em dados e possibilitando a criação de experiências personalizadas”, explica Carolina Bustos Raffainer, coordenadora da graduação em Design da ESPM.
A criatividade na era da inteligência artificial
Para Edney Souza, professor da ESPM e conselheiro de inovação e tecnologia, a IA, apesar de conseguir criar textos, imagens e até músicas, trabalha utilizando padrões existentes, gerados por combinações probabilísticas de uma base de dados. Já a criatividade humana é subjetiva, multifacetada e tem a capacidade de ir além dos padrões, criando conexões únicas e inesperadas.
Essa distinção evidencia que a inteligência artificial não possui “criatividade imaginativa”, que é a capacidade de gerar ideias a partir de experiências, intuições e percepções. No entanto, Edney Souza explica que as máquinas são ferramentas poderosas quando orientadas por mentes criativas humanas.
Há risco de substituição em áreas criativas?
O professor da ESPM ressalta que é importante desmistificar o receio de que a IA substitua profissionais. Atualmente, os algoritmos avançados não têm iniciativa própria e dependem totalmente de comandos humanos.
“Embora a inteligência artificial possa, no futuro, substituir pessoas, ela não atingiu esse estágio ainda. Hoje, ela está automatizando tarefas. Então, quais atividades podem ser automatizadas, possibilitando que os funcionários se tornem mais produtivos?”, explica ele.
Essa interação faz com que designers possam focar em aspectos mais disruptivos e menos repetitivos de suas funções, enquanto a IA os ajuda a focar em soluções criativas e estratégicas.
O risco da padronização
Um ponto importante abordado pelo profissional é a possível padronização em decorrência do uso excessivo de inteligência artificial. Apesar de a tecnologia ser eficaz em otimizar processos e criar com agilidade, ela não tem a capacidade de produzir ideias genuinamente disruptivas.
Por isso, a colaboração entre humanos e máquinas é fundamental para gerar inovações únicas, como transformar uma ideia rapidamente em letra de música gerada pela IA, além de conseguir produzir arranjos inesperados em pouco tempo para testar diferentes ritmos.
O papel do designer no futuro
A chegada da inteligência artificial não elimina o papel do designer, mas o transforma. Esses profissionais devem focar nas habilidades humanas criativas e de conexões de sentido únicas, características que a IA ainda não pode replicar.
Como o professor da ESPM ressalta: “A inteligência artificial pode otimizar processos, mas o olhar humano continuará essencial para explorar novas possibilidades e criar conexões genuínas com as pessoas”.
“A ESPM reconhece essa transformação e oferece cursos que integram IA e Design Thinking, preparando os estudantes para usarem essas tecnologias de forma criativa e estratégica”, comenta a coordenadora da graduação em Design da ESPM.
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