Cartunista falou sobre a internacionalização de sua obra e planos para a criação de uma série para serviços de streaming em entrevista ao #TMJ
Quadrinhos, linhas de produtos, parques, peças de teatro, animações, apps, jogos, filmes. Com 60 anos de história, o universo da Turma da Mônica segue se expandindo e conquistando novas gerações. Mas qual o segredo para essa obra se manter relevante por tanto tempo? É o que investigamos em uma conversa com Mauricio de Sousa, criador dessa turminha carismática. O cartunista nos atendeu antes subir ao palco do UnimedHall, em São Paulo, na última quinta-feira (23), como patrono de graduação de uma turma da ESPM.
“Acho que o principal é trabalhar todo dia com o mesmo projeto, que apesar de se repetir ano após ano, não é igual. Na atividade da criatividade, não tem um dia igual ao outro”, respondeu o cartunista ao ser questionado sobre qual o segredo para sua obra se manter relevante por tanto tempo. “Os personagens têm pai e mãe. Eu criei e venho acompanhando atentamente nesses anos todos, como se fosse um pai. Ao mesmo tempo, o pessoal que trabalha [na Mauricio de Sousa Produções] assimila o estilo, o traço, o modo de produzir e mantém tudo isso”.
Além de preservar a essência da obra, Mauricio e sua equipe a atualizaram, incluindo novos personagens para aumentar a representatividade. No ano passado, foi publicada a primeira capa da Turma da Mônica com uma família negra. Vale lembrar que o primeiro personagem negro – Jeremias – surgiu logo no início da turminha, em 1960. “Nosso trabalho continua com os mesmos cuidados, mas se transformando de acordo com as necessidades, a tecnologia, alterações de hábitos, costumes e o desenvolvimento social”, contou Mauricio. “O que criei se tornou uma coisa viva, dinâmica, que acompanha os tempos, os hábitos e alterações sociais. Com isso, estamos vindo até agora e com vontade de continuar do mesmo jeito”.
Internacionalização
Atualmente, a Mauricio de Sousa Produções trabalha na internacionalização de Mônica, Cascão, Cebolinha, Bidu e companhia. “Estamos internacionalizando todo nosso material. Fiz uma descoberta fabulosa: toda criança do mundo é igual, gosta das mesmas coisas. Se a Turma da Mônica chega bem traduzida para qualquer criança chinesa, japonesa, alemã, africana ou de qualquer outro lugar, a criança gosta. Os personagens têm uma linguagem universal nas mensagens e no comportamento”.
O cartunista aponta como exemplo a Mônica Toy, série criada para o YouTube. “Hoje, temos, por exemplo, a série Mônica Toy, que não tem idioma e é como nossa tirinha de jornal de antigamente. Terminamos o desenho e mandamos para o mundo inteiro instantaneamente. Já são 12 ou 14 bilhões de views”.
O que mais vem por aí?
Mauricio também revelou que já trabalha em uma continuação de Turma da Mônica: Laços e que planeja outras produções com seus personagens. “Agora não estamos fazendo só história em quadrinhos. Estamos fazendo desenho animado para o mundo todo e filmes – o filme da Turma da Mônica foi um sucesso e já estamos rodando a continuação. Depois, lógico que virão filmes de outros personagens. Estamos planejando também para este ano começar a produzir séries de filmes para serviços de streaming”.
Há também a possibilidade da criação de uma versão adulta da obra.
“Provavelmente no futuro, vamos ter a Turma da Mônica adulta, para poder falar de assuntos um pouco mais desenvolvidos”, revelou o cartunista. Atualmente, os personagens passam pela fase da Turma da Mônica Jovem.
Dica para os jovens
Aproveitamos a conversa, para perguntar a Mauricio de Sousa que dica ele daria para a garotada que está entrando agora no mercado de trabalho. “Penso que o sucesso vem da pessoa fazer o que gosta, aquilo que quer fazer. E para chegar aonde você quer, estude o que está no meio do caminho, aquilo que vai te ajudar”, afirmou o cartunista. “Tem que se preparar, estudar, quebrar a cuca e obviamente passar por uma escola como essa daqui [ESPM]. De certa maneira, tudo o que fiz até hoje passou pelo caminho da comunicação, do marketing, do jornalismo, das coisas que estão sendo apresentadas nas aulas. Daqui provavelmente sairão diversos profissionais que vão fazer as coisas que eu faço”.
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