“O mundo não tem mais espaço para falta de respeito”, diz diretora de marketing da Skol

Mafê Albuquerque, diretora de marketing da Skol, falou sobre a reinvenção da marca em palestra no FEST’UP Tendências

 

Praia, sol, mulheres de biquíni e homens se divertindo com bebidas e comentários machistas. Durante muito tempo, esse foi o mote das campanhas de cerveja no Brasil. Mas mudanças em nossa sociedade obrigaram as marcas a rever seu posicionamento. Mafê Albuquerque, diretora de marketing da Skol, explicou como ocorreu esse processo durante o FEST’UP Tendências, evento realizado na ESPM.

 

“É preciso olhar o mundo e ver o que está acontecendo ao seu redor”, afirmou Albuquerque. “Em relação ao espírito do tempo, falamos de uma geração muito mais respeitosa e autêntica. Estou falando de uma marca que já foi muito machista e de uma categoria que ainda é muito masculina”.

 

De acordo com Albuquerque, a mudança de posicionamento da Skol começou com uma mudança interna na Ambev. “Tivemos primeiro que nos entender como empresa. Criamos vários grupos de afinidade, mulheres, mães, LGBT, negros. Um monte de mudanças foram feitas e começou uma grande evolução”, disse a diretora. “Quando você olha para você mesmo e se propõe a mudar, já é um grande começo”.

 

A diretora lembrou que a Skol já nasceu com o DNA da reinvenção, “quebrando a lógica da propaganda, de como fazer eventos e produtos”. “É uma marca super democrática, metade dos consumidores é mulher. Pensamos que talvez fosse um discurso interessante para uma marca como essa, que tem valores mais jovens”.

 

Para a diretora, não há problema em uma marca mudar o seu posicionamento. “Vivemos em um mundo que não tem mais espaço para falta de respeito. Seja para dar sua opinião, questões de gênero ou raça. Então, precisávamos nos adaptar também, evoluir, crescer. A principal coisa que aprendemos nessa história é que é uma grande jornada. Não tinha como ver resultado no dia seguinte, porque significa consistência, você se manter, fazer de novo. Até porque é uma mudança de imagem de marca, o que demora muito”.

 

Durante sua apresentação, Albuquerque mostrou peças publicitárias que ajudaram a construir a nova imagem da Skol. A primeira delas foi um vídeo da campanha de verão lançada no final de 2016, marcada pela diversidade.

 

 

“A mãe de uma menina de 15 anos com vitiligo enviou uma mensagem para o nosso SAC. Ela dizia que sempre gostou da Skol e que nunca achou que fosse ver alguém com vitiligo em uma propaganda”, contou Albuquerque. “Ficamos muito emocionados como time, e eu como mãe, porque tocamos a vida de uma pessoa”.

 

Autocrítica

 

A diretora de marketing reconheceu ainda que “já aprovou muita bunda” para pôsteres da Skol, fotos que até hoje podem ser encontradas em alguns bares. Pensando nisso, a marca convidou oito ilustradoras para recriar esses pôsteres e substituir essas peças que fizeram parte do passado da marca. “O Brasil inteiro mandava ou falava do bar e a gente fazia a substituição desse material. Essa ação foi um marco pra mim”.  

 

 

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