Mauro Berimbau, professor da ESPM e consultor para advergames e gamificação na Sioux GoGamers, conta o que de mais importante você precisa saber sobre o tema
Transformar uma situação que não é um jogo em jogo. De maneira simplificada, assim podemos definir a gamificação. Para entender mais sobre essa técnica, que está por trás do sucesso de aplicativos como Duolinguo e Waze, o #TMJ conversou com Mauro Berimbau, professor das disciplinas de pesquisa sobre jogos eletrônicos, entretenimento e marketing na ESPM.
“Gamificação é a aplicação das técnicas de game design em situações que não são formalmente reconhecidas como jogos, com a intenção de motivar e mobilizar as pessoas”, explica o especialista, que também atua na Sioux GoGamers com consultoria e desenvolvimento de conteúdo para advergames e gamificação.
Mauro ressalta que diversos elementos de jogos já fazem parte de nosso cotidiano. O que a gamificação faz é identificar esses espaços – que já tem cara de jogo – e os formalizar com ferramentas como pontos, medalhas e rankings. “Um funcionário de uma empresa não considera um plano de carreira como um jogo, mas ele se estrutura como tal. Tem um objetivo, condições de vitória, coisas que tem que fazer para cumprir e subir de nível, cargo ou ganhar um salário melhor. Enfim, para chegar nesse desejado estágio de vitória.”
A técnica pode ser aplicada internamente pelas empresas para educar, motivar e mobilizar funcionários. Por exemplo, com um plano de carreira gamificado. “Muitas vezes um funcionário entra em uma empresa e não sabe o que tem que fazer para subir na carreira. Você pode formalizar e deixar isso evidente, fazendo com que as atividades dele gerem pontos acumulativos que o ajudam a crescer na empresa”, sugere Berimbau. “Se ele quiser crescer é só seguir os passos para conquistar isso.”
Já uma gamificação externa pode ser usada para atrair novos consumidores ou estreitar o relacionamento com os clientes. “Você pode, por exemplo, recompensar quem está acessando mais o seu site ou participando mais de um fórum”, sugere Berimbau. “Ou simplesmente reconhecer e valorizar o cliente que só está interessado em comprar seu produto.”
Exemplos de gamificação
Mauro citou ainda alguns cases que ele considera bons exemplos de gamificação. Confira a seguir:
Duolinguo: aplicativo de aprendizado de idiomas. “É muito famoso, acessível e todo mundo pode baixar e brincar com ele.”
Zombies, Run: app que motiva usuários a correrem. “Talvez é o mais game dos aplicativos de exercícios. Te estimula a correr com uma narrativa que você é um sobrevivente de um apocalipse zumbi e precisa ir para vários pontos da cidade para coletar recursos para trazer para sua base.”
Pão de Açúcar Mais: programa de fidelidade da rede de supermercados Pão de Açúcar. “Estão tentando trabalhar de maneiras diferentes essa relação que têm com o consumidor, fugindo um pouco da relação do prêmio, do consuma mais, do desconto.”
Para saber mais sobre o tema
Algumas fontes sugeridas pelo especialista são o Google Acadêmico, onde é possível encontrar bons artigos sobre o tema, o livro Gamification: Como criar experiências de aprendizagem engajadoras. Um guia completo: do conceito à pratica, de Flora Alves, o curso de Gamificação do professor Kevin Werbach, disponível gratuitamente na plataforma Coursera e o site GoGamers. “É um site onde eu e outros colegas da indústria trazemos vários assuntos sobre games, game design e sobre a indústria dos jogos”.
LEIA TAMBÉM:
Designer de games: tudo o que você precisa saber sobre a profissão