Todos os anos, a Assembleia Geral das Nações Unidas é aberta com o discurso do presidente brasileiro. Saiba a razão
Todos os anos o Brasil abre a assembleia geral da ONU (Organização das Nações Unidas), que acontece geralmente no mês de setembro. De onde vem essa tradição?
Para começar, é importante deixar claro: essa primazia dos presidentes brasileiros de fazer o discurso inaugural não é uma “norma escrita” – e trata-se mais de um costume. Ao menos é o que a própria ONU coloca em sua página oficial: “Ao longo do tempo, certos costumes emergiram durante o debate geral, incluindo a ordem dos primeiros a falar”. Porém, isso não explica de onde vem essa tradição, o que mostra falta de consenso sobre sua origem. Veja algumas das explicações e escolha qual é a mais crível na sua opinião.
Tradição nasceu por acaso
Tudo começou quando, na segunda Assembleia Geral da ONU, em 1947, o então Ministro das Relações Exteriores do Brasil, fez o discurso de abertura – o que se repetiu em outras duas Assembleias Gerais. E o resto virou história. Grau de credibilidade: médio
Neutralidade premiada
As duas potências vencedoras da Segunda Guerra, Estados Unidos e União Soviética, já davam sinais de tensão entre elas (o que viria a se transformar na Guerra Fria). Como o Brasil, um país de grandes proporções territoriais do hemisfério Sul sempre foi famoso por sua posição de neutralidade, encontrou-se uma maneira de “acomodar” eventuais questões de primazia dando visibilidade a um terceiro ator no tabuleiro geopolítico. Grau de credibilidade: médio
Prêmio de consolação
É notório e sabido desde sempre que o Brasil desde sempre anseia por uma vaga permanente no Conselho de Segurança da ONU. Como isso jamais aconteceu (pelo menos até 2023), por vetos de Winston Churchill e Josef Stalin, o discurso de abertura teria sido uma espécie de “compensação” e reconhecimento do papel de liderança do país da América do Sul. Grau de credibilidade: alto
Membro fundador da ONU
Outra das teorias daria conta de que o Brasil havia sido o primeiro país-membro das Nações Unidas – e, por isso, conquistou o posto de primeiro a discursas nas Assembleias Gerais. O que pesa contra essa teoria é o fato de que, mesmo estando entre os fundadores, estávamos em companhia de outros 49 países que assinaram a Carta da ONU, o tratado que é espécie de “constituição” da organização. Grau de credibilidade: baixo
“Deixa que eu vou primeiro”
O Brasil, diante da recusa dos demais países-membros da ONU de ser o primeiro a falar, assumiu voluntariamente esse papel nas primeiras Assembleias Gerais. E, depois disso, não se viu nenhuma necessidade de mudar o que se tornou um costume. Grau de credibilidade: baixo
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