Impossível viver na falsa sensação de que somos sempre exatamente a mesma pessoa – e não se trata de contradição
Acho muito engraçado quando alguém diz “eu sou eu mesmo o tempo todo”. É claro que somos nós mesmos 100% do tempo… Inclusive quando mudamos. Ué, como assim? Explico…
Já teve a estranha sensação de que, ao reencontrar alguém que não vê há muito tempo, a pessoa parece ter sofrido mais com a passagem do tempo do que você? Pois é: isso acontece porque nos olhamos todos os dias no espelho – e as mudanças vão acontecendo quase de maneira imperceptível – enquanto com o outro, nossa base de comparação é a imagem congelada que temos do último contato.
E isso não acontece apenas no sentido físico: 5 minutos de conversa servem para a gente se perguntar “como essa pessoa pode ter mudado tanto seu modo de pensar?”. Já se perguntou se você também não mudou sem perceber?
Cá entre nós, você se aguentaria hoje se fosse igual à criança que você foi, quando não sabia de tantas coisas e nem experimentado tudo o que viveu? Ou, ao entrar na vida adulta, continuasse na vibe adolescente?
Não estou, de modo algum, dizendo que precisamos “mudar”. Precisamos, na verdade, aprender com a passagem do tempo. E, veja só, quanto mais maduro, menos vamos nos apegar à questão de estarmos “certos” ou não. Ou seja: nos damos o direito de repensar, rever conceitos e certezas. Afinal, ter razão deixa de ser importante quando o que conta é a gente tornar a vida mais leve, mais interessante e mais para nós mesmos. Jogar para a torcida deixa de ser importante…
Nisso, vamos aprendendo que é preciso nos questionar o tempo todo – em vez de simplesmente aplicar a “regra” do “100% eu mesmo” e correr o risco de repetir equívocos e perder a oportunidade de descobrir que pode ser melhor do que já foi até aqui.