Agora que estamos diante da possibilidade de retorno às salas de aula, é hora de pensar se e como vamos (ou não) voltar
Com muitos estados e municípios liberando quase que completamente a volta às aulas presenciais do ensino fundamental ao universitário em escolas públicas e privadas, muitos pais e estudantes se encontram diante de um verdadeiro dilema: voltar ou não?
Uma pesquisa divulgada em junho, realizada pelo Conselho Nacional da Juventude do Brasil (Conjuve) com 68.114 jovens de 15 a 29 anos de todo o país trouxe uma surpresa: 54% deles prefere voltar somente após o término da pandemia – enquanto 57% preferem que seja tudo totalmente remoto por enquanto, contra apenas 4% dos que preferem que seja tudo presencial no momento.
Muitos estudiosos do comportamento humano estão chamando isso de “síndrome da gaiola” – que faz com que muitos jovens tenham crises de pânico ou de ansiedade diante dessa possibilidade. Ou seja: mesmo com a porta da “gaiola” aberta, o “pássaro” não quer sair.
Antes que se julgue quem não quer retornar, penso sempre naqueles que perderam pessoas próximas (já se fala de uma geração que perdeu pai e mãe para a Covid ou cujos pais perderam suas fontes de renda – e, com isso, não têm sequer escolha de voltar ou não: simplesmente tiveram de abandonar os estudos).
Eis um verdadeiro dilema… Para além das dificuldades em um período em que a socialização promove o desenvolvimento de valores e habilidades de convívio, penso, por exemplo, em quem entrou no ensino médio ou na faculdade em 2020: os primeiros vão passar 2/3 do curso sem conviver com colegas e professores, enquanto para os universitários metade da jornada foi confinada num quarto diante de uma tela.
Como vencer eventuais medos e se preparar para tomar essa decisão de modo mais consciente? Muita conversa: com pais, professores, amigos. E muita atitude para quem decidir voltar: adoção de protocolos e exigência do mesmo com relação às escolas, professores e colegas.