Já parou pra pensar que quem entrou na faculdade em 2020 passou metade de um curso de quatro anos em EAD? Como vai ser a “volta” para algo que, a rigor, será o “novo normal”?
“O avesso do avesso do avesso do avesso”, cantou Caetano Veloso na canção “Sampa”. Hoje, vejo que esse verso serve para um fenômeno que estamos experimentando: depois de uma guinada de 180o, nos vemos diante da necessidade de um “meia volta, volver”.
Quando a pandemia começou, em março do ano passado, muito se falou do tal “novo normal”. Da noite para o dia, tudo se tornou “a distância” – e aprendemos a fazer compras, dar e ter aulas, trabalhar remoto…
Hoje, diante da volta cada vez mais “flexibilizada”, muita gente vai retomar seu “velho normal”. Mas me pego pensando em gente para quem não há esse cotidiano conhecido. Explico: jovens que tenham começado sua vida universitária em 2020, por exemplo, talvez até tenham tido ali uma ou duas semanas de convívio com professores e colegas no ambiente universitário antes da decretação da pandemia (mas nada suficiente para que se estabelecessem vínculos com a instituição e com as pessoas). Portanto, para essas pessoas, a “volta”, na verdade, será o verdadeiro “novo normal”.
Me coloco no lugar de quem passou por isso: por praticamente dois anos letivos inteiros, tiveram de desenvolver amizades, formar grupos, entrar numa dinâmica nova de ensino universitário, que demanda independência e novas relações com o aprendizado.
Penso nos dilemas que essa situação pode gerar – sendo o mais significativo a disposição, que vejo em muitos de meus alunos, de continuar a distância… Muitas pessoas estão em suas cidades, conseguiram estágios em home office e estão felizes com essa rotina. Mesmo os que já moram em São Paulo, onde eu vivo e trabalho, também se acostumaram a esse modo de viver, trabalhar e aprender. O mesmo acontece com quem está sendo chamado para uma volta 100% presencial no trabalho.
O que me leva a uma conclusão: talvez os aprendizados do “novo normal” não tenham sido assim tão permanentes como muita gente imaginava…
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