Quer mudar o mundo? Vá com calma!

Essa é uma das coisas mais belas da juventude: o desejo e a disposição para transformar tudo ao nosso redor. Mas é melhor ter um plano na cabeça 

 

Houve uma campanha de pneus da Pirelli, ainda do século passado, que usou o mote “potência não é nada sem controle”. A ideia ainda hoje soa sensacional – e vai muito além da associação entre aceleração e frenagem. Tanto que achei pertinente pensarmos juntos sobre isso neste texto.


Uma das coisas mais sensacionais de quando somos jovens é ter toda a força, a disposição, a energia e a vontade de mudar tudo. Mudar o mundo! E que cada geração futura possa continuar tendo esse momento. Minha questão é outra: será que nenhuma geração antes de você teve essa vontade? E, se teve, o que não funcionou – já que sobrou para a sua geração esse feito? Desde que o mundo é mundo, novas gerações sonham em mudar o mundo – e, parece, todas as que vieram antes falharam miseravelmente..


Primeiro: apenas “parece” que falharam. Medir com os olhos de hoje o que veio antes de nós é o primeiro passo para desqualificar qualquer análise (ou julgamento). É como achar que Romeu e Julieta poderiam ainda estar vivos se tivessem “enviado um whats”. Ou seja: é preciso mesmo entender todas as circunstâncias históricas, o passado mesmo, para poder avaliar o presente e poder desenhar o futuro. Aí, chego à revelação do segredo de por que parece que todas falharam.


É mais simples do que você está imaginando: faltou saber não apenas “o que” mudar, mas “como”. Sair do campo da retórica para entrar no campo da efetividade. Explico: todos os candidatos que se apresentam no horário obrigatório, em suas propagandas, falam basicamente a mesma coisa: “sou pela educação, sou pela segurança, sou pelo transporte, sou pela saúde etc.”. Isso é o lugar comum, o básico, a retórica. Quem desconfiaria de alguém que “é” por coisas tão importantes?


O mais importante é saber “como” cada candidato pretende mostrar ser a favor disso ou daquilo. Ser pela educação pode significar acabar com sistemas de cotas em prol dos “melhores e mais bem preparados alunos” – ou ser “pela segurança” no sistema “atire primeiro e pergunte depois”. E lá se vão as belas e boas intenções (que, segundo minha avó, lotavam o inferno rsrs…).


Voltando às novas gerações, deixo minha dica (sim, a de alguém que já foi jovem e desperdiçou com retóricas sua oportunidade de fazer mais): quer mesmo mudar o mundo? Pense em “o que” quer mudar e concentre todas as suas forças, disposição, vontade e energia para descobrir um “como” que permita a seus sonhos se realizarem.

Do contrário, será como um belo raio cheio de energia que se dissipa ao tocar a terra, sem deixar rastro – e o mundo continuará exatamente igual. O que faz valer a máxima do slogan publicitário: potência não é nada sem controle.

 

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