Seremos colaborativos amanhã?

A pandemia representou um freio brusco para movimentos coletivos que vinham sendo desenhados pelos millennials e pela geração Z

 

Existe um ponto de contato quase inédito entre as gerações que se sucedem: Y (millennials, nascidos entre 1980 e 1995) e Z (que nasceram entre 1995 e 2010) estão umbilicalmente ligadas a conceitos de coletividade e de resolução colaborativa. Eu ousaria dizer que a cola que as une responde pelo prefixo “co”: coworking, coliving (ou cohousing), cocreation, colearning…

 

Talvez seja um reflexo da explosão das redes sociais – e da urgência por “pertencimento”, o que pode gerar as tão faladas bolhas quanto iniciativas sociais sem precedentes, como o engajamento coletivo em causas diversas. Na vida cotidiana, esse movimento, ao menos nas cidades como São Paulo, representou uma retomada do que chamamos de “espaço público”: as ruas. Quem nunca teve a experiência de andar pela Avenida Paulista aberta aos pedestres aos domingos (ou nunca passou qualquer dia e hora na esquina da avenida com a Rua Augusta) não sabe do que estou falando. Recomento.

 

Nesse sentido, a economia tratou de traduzir essas características em negócios. E já experimentamos o compartilhamento de patinetes e de bikes. Ter carro foi trocado por soluções como Uber e até sistemas de uso de carros igualmente compartilhados. Espaços de trabalho coletivos permitem que todos possam trabalhar em lugares descolados e cercados por outros criativos que buscam a experiência “co”.

 

“De repente não mais que de repente” (parafraseando o eterno poeta Vinicius de Moraes em seu “Soneto de separação – ouça o poeta declamando no link abaixo), uma pandemia abateu-se sobre todos, inclusive sobre as gerações “co”. E compartilhar é tudo o que não podemos fazer…

 

Ainda não sabemos quando tudo isso vai passar (que vai temos certeza). E tampouco podemos dizer como será essa volta. Esse período “co” foi freado no momento de mais alta velocidade. O impacto foi enorme. Mas queria provocar quem me lê neste espaço a pensar nisso e me dizer: como será o amanhã?

Eu, pessoalmente, torço (e muito) para que tudo isso tenha sido apenas um breve “interlúdio”. Que possamos retomar tudo isso para um segundo ato vigoroso.    

 

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