Má alimentação, falta de sono, excesso de tela e falta de método são alguns dos motivos que prejudicam os alunos
“Não consigo estudar”. Talvez você já tenha passado por isso ou conheça alguém que comentou sobre ter dificuldade para se concentrar. Isso acontece com muitas pessoas e existem motivos que podem ser contornados, mas é necessário força de vontade e comprometimento para virar essa chave.
Segundo Danilo Torini, professor do ESPM LifeLab, conjunto de disciplinas optativas da ESPM para o desenvolvimento de soft skills, um dos fatores que atrapalha os estudos é a procrastinação. Esse “deixar para depois” é como um guarda-chuva que abriga fatores importantes que resultam na performance deficiente nos estudos.
Confira 7 motivos que podem estar atrapalhando seus estudos:
1. Má qualidade do sono
Dormir pouco cria um déficit de sono e é inevitável se sentir muito cansado no dia seguinte. Para ter um sono restaurador, um adolescente deveria dormir cerca de 10 horas por dia, enquanto jovens de até 25 anos deveriam dispor de 7 a 9 horas de sono diariamente.
Entretanto, não é o que acontece com a maioria das pessoas, especialmente porque elas vão para a cama agarradas aos celulares ou dormem com a TV ligada. O resultado vem no dia seguinte, na forma de dificuldade de concentração, irritação e queda de produtividade decorrente da procrastinação.
Não mexer no celular pelo menos uma hora antes de dormir e evitar ingerir bebidas estimulantes como café, refrigerantes e energéticos à noite é importante para melhorar o sono.
Quer descobrir se você dorme bem? Faça o teste na calculadora de escala de sonolência.
2. Ambiente de estudos inadequado
Um ambiente muito barulhento ou desorganizado impacta na disposição para estudar. O barulho atrapalha e desvia a atenção, assim como não ter um local específico para fazer as tarefas.
Desligue a TV, feche a porta do quarto e estude como se estivesse na escola ou faculdade. Sente-se à mesa, organize o material que vai usar e assuma a postura de que é hora de estudar, em vez de se jogar na cama ou no sofá para fazer as tarefas.
3. Falta de planejamento
Quem não estabelece metas, não faz planejamento das tarefas da semana e não tem método de estudo pode ter dificuldade para estudar, porque não sabe por onde começar.
Outro problema é que existem tarefas e matérias desmotivantes que contribuem para dificultar o estudo. “Vai depender do nível de interesse, de entender se aquilo vai ao encontro do propósito e do interesse do aluno. Também tem a ver com o nível de dificuldade, porque se não entende a matéria o aluno vai criando cada vez menos vínculos com aquilo, vai criando uma espécie de um bloqueio na hora que precisa estudar”, afirma Torini.
A dificuldade para entender determinada matéria se transforma em um gatilho emocional que impede o aluno de avançar e enfrentar o problema, aumentando a possibilidade de ele procrastinar para evitar sofrimento.
Nesse caso, é necessário pedir ajuda para o professor ou colegas que dominam o tema. Converse com quem entende e pode auxiliar na compreensão de uma matéria. “Um caminho que pode facilitar nesse momento é o estudo em grupo, porque um aluno puxa o outro. Mas tem que ter esse propósito, porque senão o grupo desanda”.
4. Ansiedade e estresse
“Eu costumo dizer que ansiedade e estresse estão nesse guarda-chuva da procrastinação, que traz a tempestade perfeita. Ora é causa, ora é consequência”, diz Torini. “Às vezes estou ansioso, com uma preocupação com relação àquele trabalho para entregar e a ansiedade e o estresse imobilizam”.
É importante observar e analisar essa sobrecarga, especialmente porque nem sempre o estudante consegue identificar o que é causa e o que é consequência. Ele pode estar passando por um processo pessoal que afeta outras dimensões da vida ou estar sobrecarregado com atividades da própria escola ou faculdade e se sentir bloqueado para estudar.
5. Má alimentação e sedentarismo
Alimentos ultraprocessados, refrigerantes e café contêm muito açúcar e cafeína e interferem na aprendizagem porque são estimulantes e prejudicam o sono, contribuindo para o aumento da ansiedade. “Aliás, é muito interessante, porque energético aparentemente dá energia, mas depois ele tira tudo e mais um pouco”, explica Danilo, dando uma pista sobre os efeitos negativos desse tipo de bebida.
A falta de exercício físico também prejudica os estudos. Quando está muito sobrecarregada a pessoa entra num círculo vicioso, descuida da alimentação, da atividade física e do sono e se desregula.
6. Falta de escuta
Um aspecto que também impacta o rendimento é se o estudante escuta e é escutado. Isso tem a ver com estabelecer e cultivar vínculos com os pais, os colegas e os professores.
Torini considera muito importante o aluno questionar se praticou a escuta ativa e se sentiu escutado. Porque às vezes uma pessoa sem vínculo, que não se sente ouvida, tem a sensação de estar só e desmotivada, o que reflete nos estudos.
7. Intoxicação digital
A internet intoxica todo mundo e quando o aluno se propõem a ficar menos tempo no ambiente digital, quase que invariavelmente ocorre uma melhora nos estudos e no estado de humor.
A pessoa sai desses ambientes de excesso e se distancia do FOMO (Fear Of Missing Out – Medo de Perder Alguma Coisa), aquela sensação de estar sempre correndo atrás do prejuízo e de não estar bem informado.
As interrupções causadas pelas notificações de apps são estímulos que desviam a atenção das coisas que precisam ser feitas. Portanto, aderir a um detox digital ajuda muito. Se não for possível, o ideal é pelo menos ativar filtros de controle de notificações ou usar aplicativos de bloqueio de distrações e de medição de produtividade.
O que fazer para estudar melhor
O primeiro passo para sair do padrão do “não consigo estudar” é identificar o que pode estar atrapalhando. É um processo de autoconhecimento profundo, que implica em analisar sua rotina e destrinchar seu dia a dia para identificar o que está drenando a sua energia, sua disposição e seu tempo.
O aluno tem que observar se está passando por um problema para identificar se isso o afeta emocional e fisicamente. Torini recomenda fazer um diário de bordo e anotar o que aconteceu no seu dia e seus estados de humor diante de diversas situações. Para te ajudar, utilize o Diário do Sono, Procrastinação e Escuta desenvolvido no ESPM LifeLab.
Isso permite identificar se algo não deu certo porque a pessoa dormiu mal na noite anterior, por exemplo. Para ajudar, o professor sugere aplicativos como o Dailyo ou o Atlas das Emoções.
Entretanto, é necessário ter abertura para esse processo de autoconhecimento e para essa sistematização, porque o diagnóstico dói. É preciso um primeiro passo e ele vem do reconhecimento de que o estilo de vida do aluno não está funcionando e por isso às vezes ele precisa de uma parceria de ajuda e troca com um colega, um grupo ou alguém de confiança como um professor. “O professor entende as dores dos alunos. Ele sabe os processos pelos quais eles passam e pode ser um parceiro de escuta ativa”, conclui Torini.
LEIA TAMBÉM: