Essa foi uma das conclusões do painel que reuniu Estadão, Bandeirantes e Jota no 3º Encontro Internacional de Jornalismo ESPM/Columbia Journalism School
Reunir negócios tradicionais a novos players do Jornalismo foi a marca do debate “Desafios do Jornalismo: novas formas de produzir, consumir e novos modelos de negócios”, que abriu o 3º Seminário Internacional de Jornalismo ESPM/Columbia Journalism School, realizado na ESPM São Paulo – com mediação de Leão Serva, professor da ESPM e diretor de Jornalismo da TV Cultura.
Participaram da mesa, Francisco Mesquita Neto, diretor-presidente do Grupo Estado, João Carlos Saad, presidente do Grupo Bandeirantes de Comunicação, e Felipe Recondo, sócio-fundador e analista-chefe do Jota.
Ao longo das falas, um ponto de convergência ficou bastante claro: é preciso restabelecer o diferencial do trabalho de jornalistas e veículos de jornalismo dos demais conteúdos e produções que hoje alimentam redes sociais e outras mídias.
“Conteúdo de alta qualidade, bem apurado, com alguém que assina e se responsabiliza pela veracidade do que é noticiado é o negócio do Jornalismo”, apontou Saad. “E, se uma empresa e um profissional respondem pelo que publicam, esse ‘cercadinho’, precisa ser pago.”
Ficou claro, ao longo do debate, que o modelo de negócios precisa mudar, uma vez que o fim da mediação dos veículos entre o anunciante e o público (provocado principalmente pelas redes sociais) decretou o fim do financiamento quase que exclusivo da publicidade.
“Modelos como o Spotify se tornaram máquinas de assinaturas, baseadas quase que exclusivamente em receita de conteúdo”, relembrou Mesquita Neto. “Isso nos força a entender a jornada do consumidor de notícias e saber que sua relação com o que vendemos é outra.”
Isso abriu espaço para Recondo explicar a razão pela qual o Jota já nasceu fechado, cobrando por seu conteúdo especializado. “Entendemos que havia um novo modo de analisar as necessidades de quem poderia ser nosso assinante – e investimos em algoritmos. Afinal, ninguém consegue mentir para o Google.” E a explicação é clara: você pode não comentar com ninguém sobre um problema de saúde, por exemplo, mas ao menor sinal de doença, corremos todos para a ferramenta de busca para pesquisar sintomas, tratamentos, etc. “Aí, basta seguir as pegadas digitais. Fizemos isso com as informações ligadas à cobertura do Judiciário – com o público nos dizendo o que queriam saber sobre esses assuntos.”
Outro ponto que uniu os participantes do painel foi a evidência de duopólio das empresas Google/Facebook, que se tornaram as maiores empresas de mídia do mundo e que investem pesado em Jornalismo – no que são seguidas por iniciativas de bancos e outras instituições financeiras que hoje criaram ou compraram veículos e plataformas de Jornalismo econômico, de finanças e negócios.
Ao contrário do tom derrotista dos últimos anos, a mensagem final desse encontro mostra que, seja nas empresas tradicionais, seja num novo negócio de Jornalismo, nunca houve um tempo mais estimulante para se trabalhar com notícias.
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