Quando avançamos pelo caminho, seja de uma viagem ou de um curso universitário, precisamos cuidar de nossa motivação não sucumba ao que costumo chamar de “síndrome de meio da jornada”
Imagine ser um navegador que não vê mais de onde partiu e tampouco onde vai chegar. Esse é um momento angustiante em qualquer tipo de jornada. É quando nos perguntamos se vamos até o final só para não jogar fora o esforço já dedicado ou se é porque queremos realmente terminar o que começamos.
Nenhum problema se descobrirmos que não é isso o que queremos fazer – e dissermos adeus para tentar um outro caminho. Porém, é importante ter certeza de que trata-se mesmo de um engano ou se estamos diante do que eu chamo de “síndrome de meio da jornada”. É ela, segundo as minhas análises bastante pessoais, a responsável por nos sentirmos sem energia, desmotivados.
Costumo conversar muito com estudantes nas minhas aulas. Como geralmente os encontro no 3º ano de um curso de quatro anos, o ânimo geral é de um certo cansaço com o curso, uma baixa no entusiasmo.
Compreensível: aquele encanto inicial com o curso e a faculdade se torna um “ai, meu Deus: ainda falta metade do caminho”, diante de disciplinas que talvez não representam mais tanta novidade assim (afinal, muita gente já está estagiando ou trabalhando na área) e de uma necessidade de virar logo essa página e, de uma vez por todas, chegar à vida adulta e profissional. Ou, até mesmo, de um certo desgaste da paixão pelo curso ou pela carreira escolhida.
É quando, numa conversa bem pessoal na primeira aula, comparo esse momento ao de um relacionamento a dois. Lembro do peso da rotina, que vai desgastando dia a dia uma coisa preciosa: a lembrança do que nos fez nos apaixonarmos por aquela pessoa. Sim, aquilo que fez nossos olhos brilharem pelo outro, o que moveu e alimentou nossa paixão. Com um curso ou carreira não é diferente…
Não tem receita para manter acesa a chama de uma paixão, seja por uma pessoa ou por uma carreira. Mas dá para pensar em algumas coisas. Talvez não esquecer da preciosa memória de quando decidiu cursar aquela faculdade e entrar naquela carreira, o mágico momento de fazer o “x” na opção do vestibular e a euforia da aprovação, as descobertas do primeiro ano… Ou seja: lembrar do que fez seus olhos brilharem.
Agora, se nem essas lembranças conseguirem resgatar o entusiasmo, é mesmo mais honesto partir para outra história – com uma nova paixão ou uma nova carreira…