Jornalismo ainda é o melhor remédio

A explosão de audiência dos telejornais nas TVs aberta e fechada e dos sites noticiosos durante a pandemia é um fenômeno mundial. Mais do que colaborar na luta contra o coronavírus, o Jornalismo está ajudando a vencer outra praga deste século: as fake news


Um terremoto teve início no momento em que o Jornalismo foi resumido a um dos muitos elementos do que hoje chamamos de “conteúdo” (lado a lado de entretenimento, publicidade, conteúdo de marca ou patrocinado, esportes, ofertas de venda, produções de bloggers, vloggers, youtubers, influencers, posts em redes sociais etc.).

Isso aconteceu lá no início deste século, com a explosão das redes sociais e da facilidade cada dia maior de se produzir e se divulgar… conteúdo. As pessoas passaram os últimos 20 anos perdendo a capacidade de entender a diferença entre Jornalismo e opinião ou um simples boato. E mais: muitos passaram a desprezar a informação produzida pela imprensa (ao menos quando a notícia desafiava minhas convicções de qualquer natureza).


De onde vieram as fake news

Impulsionadas por bolhas criadas pelas redes sociais e seus algoritmos, que entregam às pessoas aquilo que elas gostam, ficou confortável para todo mundo simplesmente acreditar naquilo que vem ao encontro de suas convicções, crenças e desejos – sem que a sua conexão com os fatos precisasse ser comprovada. As barreiras entre opinião e informação, por sua vez, desapareceram para muita gente.

Dessa tempestade perfeita surgiram alguns fenômenos muito claros e interligados: o desprezo pelo trabalho Jornalístico – adubo ideal para o surgimento das fake news e para a bipolaridade. Afinal, quando tudo vira “conteúdo”, fica difícil ter condições de diferenciar informação de qualidade de invencionices, manipulações e simplificações maniqueístas, tipo A ou B. Por isso, se eu concordo, está ok. Se eu discordo, está mentindo.

Fica fácil (e até compreensível), porém, entender como alguém pode acreditar numa mensagem de WhatsApp enviada por “alguém que recebeu do primo do amigo da vizinha da tia do melhor amigo de um conhecido” e, ao mesmo tempo, duvidar das informações de um veículo sério, com profissionais com nome e sobrenome que apuraram o que publicam – e que respondem pela informação, caso ela esteja errada.


Quando o assunto é serio, receita-se Jornalismo

Com a chegada do coronavírus, contudo, saltamos de meras questões de concordar com A ou B para questões de vida ou morte. E, assim, chegamos ao ápice dessa disrupção social: apesar disso, ainda há os que, por “discordar”, preferem fechar os olhos para informações reais, apuradas com fontes confiáveis. Mas eles, a se considerar a elevação da audiência de telejornais e de veículos tradicionais de imprensa, parece que são cada vez menos.

Portais dos jornais O Estado de S. Paulo, O Globo e Folha de S.Paulo, bem como portais como UOL e G1, viram sua audiência disparar em picos históricos no mês de março, quando a pandemia deu seus primeiros sinais no Brasil. Somente O Globo teve 235 milhões de acessos até o dia 28 – com 71 milhões de visitantes (enquanto a Folha digital recebeu 70 milhões). O conteúdo do UOL, por sua vez, gerou 951 milhões de sessões.

No caso das TVs, abertas e fechadas, a explosão de audiência se repete: somando Globo, SBT e Record, líderes na cidade de São Paulo, alcançaram quase 20 pontos no Ibope com telejornais matutinos. Já o canal Globonews alcançou o número recorde de 18,5 milhões de telespectadores em março. E esse fenômeno se repete em todos os países do ocidente, onde se pratica a livre imprensa. Seja para saber de verdade o que se passa, seja para saber como se prevenir ou como agir, em tempos de isolamento (e medo), as pessoas estão aprendendo (ou voltando) a enxergar a diferença entre informação, opinião e fake news – e a reconhecer o que pode fazer o bom Jornalismo. Afinal, nos dias que correm, informação de qualidade pode ser o fiel da balança entre viver ou morrer.

 

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