Muito além da pandemia

2020 só foi monotemático para quem achou que distanciamento social significava ficar alheio ao que acontecia no mundo lá fora…

 

Seria ingênuo (e até desonesto) não admitir: a pandemia se tornou sinônimo de 2020 – e será assim que a História o registrará. Afinal, esse evento afetou direta ou indiretamente a vida de cada um dos 7,79 bilhões dos humanos dos 193 países reconhecidos pela ONU – deixando um rastro de, até hoje, mais de 1,6 milhões de mortos, sequelas físicas e emocionais, crises econômicas, fechamento de empresas, desemprego…

E, nada mais natural e sem exagero, admitir que, do noticiário às conversas em família, o assunto dominou mais de 95% de nossa atenção – seja para os que se preocupam ou os que menosprezam a doença, seus métodos de prevenção e até mesmo as vacinas que podem nos salvar.

Desde março até hoje, quando o mundo inicia a vacinação, a humanidade deu sinais de que é uma espécie resiliente – contradizendo as teorias mais catastrofistas, que pregam nossa extinção passiva. E não apenas no que diz respeito à Covid-19. Mostramos uma enorme capacidade de adaptação. Mesmo que nem todo mundo tenha tido acesso a todas as coisas positivas (ou teve a opção de se trancar em casa), não dá para ignorar que elas existiram. A começar pelos muitos casos de sucesso de trabalho ou estudo remoto.

Mas houve ali um espacinho para os 5% restantes dos temas, para além das 214 vacinas em desenvolvimento em tempo recorde. E coisas a festejar: mesmo em meio à maluquice, encontramos espaço para marcar 2020 como um ano ímpar contra os preconceitos de forma geral. A começar pelo racismo e pela luta por igualdade em todos os campos – o que, nos Estados Unidos, desembocou numa eleição histórica com a vitória de Biden e de sua vice Kamala Harris.

Inclusão se tornou palavra corrente – e dividiram os holofotes com a pandemia questões ligadas a pessoas trans (e a campanha da Natura do Dia dos Pais, que trouxe Thammy Miranda, foi um dos pontos altos), discutiu-se o futebol feminino, olhou-se (ainda pouco, infelizmente) para os dramas dos entregadores de aplicativos.

O ensino remoto desnudou o abismo educacional entre a educação pública e a educação privada – e, apesar do drama irreparável que isso representa, tem o lado positivo de trazer o debate à cena. Começamos a discutir consumo consciente fora das hostes “ideológicas”: o isolamento trouxe novos olhares para isso (não para todos, mas para muitos).

Para finalizar (sabendo que deixo de fora uma infinidade de temas, lamento), o principal: entender que saúde pública (ou sua falta) é problema de todos, sim! Afinal, só quem não tem muita noção da realidade ignora o fato de que, num bote inflável, tanto faz o lado em que ele furar: todos iremos a pique. São lições que me deixam esperançoso de que 2021, mesmo ainda na ressaca da pandemia, pode ser um turning point para a humanidade.

 

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