“Não é do meu tempo…”

Se você já usou essa (esfarrapada) desculpa para (tentar inutilmente) justificar seu desconhecimento, melhor repensar sua estratégia

 

“Meu tempo é hoje” é o título de um documentário muito bom sobre Paulinho da Viola (se tiver chance, assista – mesmo ele sendo de 2003). E é também a minha resposta-padrão toda vez que alguém me diz “não é do meu tempo…” quando confrontado com algo que não tenha sido trending topics das redes sociais hoje (e sobre o qual a pessoa nada sabe). Pode até eventualmente funcionar como uma gracinha para arrancar algum sorriso amarelo numa situação social qualquer – um genérico da piada do pavê… E olhe lá!

Se há algo que aprendi nessa vida é que é mais importante saber o que a gente não sabe do que aquilo que a gente acredita que sabe. Não serei hipócrita: já usei essa bobagem algumas vezes. Até perceber o tamanho do King Kong que eu estava pagando. E mudei completamente o comportamento: assumo que não sei nada sobre o assunto (seja um livro, um filme, um personagem, um fato…). E passei a aproveitar todas as chances que surgem dessa situação para diminuir o enorme buraco de conhecimento da minha existência.

Foi assim que tive a chance, por exemplo, de conhecer melhor a filmografia de um grande cineasta português que veio para o Brasil dirigir filmes na Vera Cruz. Nenhum deles era do “meu tempo”,  mas ter conhecido Fernando de Barros e humildemente aprender mais sobre suas obras abriu um novo universo: uma forte amizade que deixou saudades com a partida dele e um repertório “insider” de alguns dos filmes mais emblemáticos da cinematografia nacional.

Apenas para fazer uma breve lista de pessoas das artes que não são nem do meu e nem do seu tempo, mas que fazem toda a diferença em nossa vida, começo pelos Beatles (que se separaram quando eu tinha apenas 6 anos), por Chaplin, os irmãos Gershwin, pelos irmãos Marx, Fellini, Harold Lloyd, Kafka, Cole Porter, Sartre, Akira Kurosawa, Beethoven ou Mozart… Imagine o tamanho da lista se a gente colocar aí outras pessoas e coisas da ciência, da política, do jornalismo…

Saber o que a gente não sabe é a grande sabedoria.

 

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