Houve um tempo (recente) em que essa era a fórmula da realização existencial para qualquer ser humano. Ainda está valendo?
Uma das coisas que mais frustram o ser humano é não conseguir respostas satisfatórias para perguntas existenciais. De onde viemos? Para onde vamos? Por que estamos aqui? Lamento informar: nem literal e nem filosoficamente chegaremos a algum consenso nas respostas. Mas algumas máximas surgiram para ajudar a “dar algum sentido” à jornada individual sobre este planeta azul. Uma delas aparece no título deste texto.
A frase, atribuída ao poeta cubano José Martí (desculpem, mas não encontrei fontes seguras da autoria…), busca dar algum sentido existencial ao ser humano por meio da família e da descendência, de suas memórias (escrever um livro é uma realização de prestígio) e de uma contribuição longeva ao habitat e ao meio ambiente para além do seu tempo (afinal, raras pessoas conseguem usufruir das sombras e dos frutos das árvores que plantam, pois elas levam muito tempo para crescer e amadurecer).
Por mais que soe bem, nada disso efetivamente dá significado individual a quem quer que seja: o livro pode não ser lido, o filho não será uma cópia de você e a árvore talvez seja derrubada por alguém… Além disso, é muito estranho buscar sentido existencial em coisas além de nós. Ou, simplificando, em “coisas” (filho não é coisa, mas não é você, certo?).
Nos primeiros 21 anos deste conturbado século 21, o que contaria? Me peguei pensando em qual seria o “trio” de realizações para estes tempos. Talvez tenha seguidores, poste muito e crie um app? Seria essa a combinação moderna para uma existência significativa?
Eu respondo por mim: não. Buscar sentido fora de nós mesmos é como “terceirizar” a própria existência. Não somos o que fazemos, escrevemos, plantamos, criamos. Somos aquilo que, no fim do dia, pensamos de nós mesmos pelas nossas atitudes, escolhas e no que de transformador fazemos nos gestos e ações mais comezinhas e cotidianas e que afetam a nós, a quem nos cerca e ao planeta.
Com esse tipo de consciência, pode até continuar sendo ter um filho, escrever um livro e plantar uma árvore. Ou ter seguidores, postar muito e criar um app. Ou, ouso dizer: se for com honestidade (e assumindo as responsabilidades e as consequências de suas escolhas), pode até se levar uma vida livre e hedonista e não querer fazer nada que não seja buscar prazer acima de tudo.
A escolha é sua. Desde que saiba por que está realizando (ou não) cada uma dessas conquistas.