Um segredo: o papel (não) vai acabar

Em uma aula provocativa na Stanford University, nos idos do ano 2000, um bando de publishers de revistas do mundo todo se dividia: para alguns, o professor era um tipo de deus; para outros, um ingênuo…

 

“Serei o último humano da Terra a dizer que o papel vai acabar.”

 

Ganha um doce quem adivinhar o autor da frase acima, dita em uma aula para publishers de revistas do mundo todo em um curso na Stanford University (Califórnia) no ano 2000. Adoçou o dia quem respondeu Jeff Bezos.

 

Isso mesmo: a polêmica declaração, na antessala do novo milênio e com o mundo em convulsão digital, foi do fundador da Amazon e primeiro humano na história a ganhar um dólar na internet.


O que ele vendeu? Um exemplar (de papel) do livro “Conceitos de Fluidos e Analogias Criativas”, de Douglas Hofstadter.

 

A frase foi o bastante para dividir a sala: metade acreditava que ele enxergava muito além do que os demais pobres mortais (este que vos escreve incluído); outra metade achava que o sucesso da Amazon havia sido um golpe de sorte para alguém sem visão de futuro.

 

Muita água rolou (e muito papel foi gasto) desde então. Até um dia em agosto de 2013, quando Bezos comprou, por R$ 250 milhões, o desde há muito claudicante jornal The Washington Post. Seria ele um rico mimado em busca de “verniz” ou de algum tipo de validação do mundo pensante, querendo mostrar que não era apenas o dono da “lojinha”? Ou Bezos enxergava algo que mais ninguém mais conseguia antever?

 

Em fevereiro de 2018, o The Washington Post foi eleito pela revista norte-americana Fast Company como a 8º empresa mais inovadora do mundo – ao lado de empresas como Apple, Netflix e a própria Amazon.

 

Claro que isso não aconteceu apenas imprimindo e distribuindo papel… Bezos revolucionou o modelo de negócios adicionando a ele o universo dos softwares e de sistemas inovadores de informação, como o Arc, publicador tão bem-sucedido que foi adotado por redações como a do Los Angeles Times e do New Zealand Herald.

 

Apesar de não ter somado muitos mais leitores da versão de papel (que também não diminuiu), o movimento trouxe centenas de milhões de visitantes únicos na versão online do jornal – e garantiu milhões de assinantes digitais.

 

Seja pela quase declaração de amor ao papel em sua aula no longínquo ano de 2000, seja por sua visão de futuro, vou continuar lembrando do mestre Bezos. E acreditando nele (e no papel).

 

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