Hora de organizar o futuro, a partir do que aprendemos sobre nós mesmos, nossos sonhos, desejos e planos enquanto estivemos em distanciamento. E com a maior franqueza possível
A pandemia e seus (ainda) longos meses de duração renderam estresse, tristeza, ansiedade, muito trabalho, horas e horas de aulas mediadas por telinhas de computador – mas igualmente muito tempo para pensar. Palmas para quem não fugiu dessa raia: o resultado, 110% de certeza, é uma clareza incrível do que realmente importa. Mas repito: vale para quem usou esse tempo precioso para pensar de verdade.
Claro que nem todas as decisões tomadas, as descobertas feitas e as mudanças necessárias para conduzir a “revolução pessoal” serão imediatas. Afinal, se quero virar um plantador de arroz no Camboja em cinco anos, tenho cinco anos para aprender duas coisas: khmer, a língua local, e a plantar arroz.
Mas nem tudo é tão radical. Responder à pergunta “você tem sede de quê?” pode ser algo menos avassalador. Pode ser desde uma decisão de relacionamentos, de mudança de curso, de trocar de estágio ou emprego. A urgência que a pandemia fez instalar em nossas vidas, depois de quase sete meses de vida suspensa no ar, criou uma megatendência comportamental intergerações: a de não querer mais perder tempo com o que não for essencial.
E não há armário cheio de roupas e sapatos, carro bacanudo na garagem ou o que quer que seja que compense você vestir a alma com o máximo de satisfação. Ou seja: o hedonismo vai voltar à moda, assim que for decretado o fim da pandemia.
Mas, para não perder o costume de professor, deixo um conselho: sair na base do “aproveitar tudo o tempo todo” é tão vazio quanto “fazer o que deve ser feito” sem levar em conta o que se deseja.
Escolha com sabedoria o que vai beber para aplacar sua sede.