Não acredite nas “mortes anunciadas”: elas acabam morrendo antes mesmo dos alvos de suas sentenças capitais. Com o jornalismo impresso, não será diferente
Palpiteiros existem desde sempre. Sobre todos os assuntos. E, geralmente, têm seus pitacos premonitórios elevados à categoria de análise de especialista – e se torna “verdade incontestável”… No mundo da comunicação, não seria diferente.
Em suas longas histórias, o rádio e o cinema já foram condenados muitas e muitas vezes. O primeiro se tornou o melhor amigo da internet e do streaming (estão aí os podcasts e o Spotify que não me deixam mentir). Já o segundo não só se mantém vivo como tem descendentes saudáveis, principalmente no universo do streaming, movimentando a cadeia produtiva e o público do audiovisual.
A lista de “desenganados” pelos bidus-adivinhos-especialistas é longa e, hoje, inclui os veículos impressos. Porém, por se basear sempre nas obviedades visíveis, eles simplesmente tentam surfar a pororoca que seus olhos enxergam. E só.
Sim, vou contrariar o senso geral: jornais e revistas impressos não vão acabar. Em um momento em que o digital dita regras como conteúdos cada vez mais curtos e sintéticos (“ah, nada que exija mais de 30 segundos vinga”), parece sufocar qualquer outro meio (a queda das TVs abertas e fechadas não me deixa mentir – mas elas também vão sobreviver). E os impressos, que ainda têm o ônus extra de precisar de toda uma cadeia produtiva e de distribuição física, foram os primeiros a acusar o golpe.
Incontáveis jornais e revistas fecharam no mundo todo e também no Brasil. Mas, creia, nem tudo cabe num TikTok… O que o bom Jornalismo produz e coloca em páginas mais generosas que os 240 caracteres de um Twitter tem seu espaço no mundo. E, acredite, haverá sempre quem queira consumir o bom Jornalismo e dele se informar.
“Ah, mas os anunciantes desapareceram…” Concordo: é preciso repensar o modelo de negócios. E, para isso, igualmente entender qual o caminho para adequar o tamanho das operações para atender a um público que, sim, será menor. Mas o ponto principal é: o jornal ou a revista precisam ser necessários, imprescindíveis e de alta qualidade. E essa “regra de barreira” é que está por trás da maior parte dos veículos que fecharam (me desculpem a dura franqueza).
Se continuarem como hoje, tentando competir com a internet e sem entender a própria natureza e a qualidade que deles se espera, vão continuar feito Quixotes a lutar com moinhos de vento. O inimigo, acredite em mim, são os próprios veículos. Acreditem na qualidade do que sabem fazer e oferecer ao público – e ele responderá. Façam jornais e revistas de qualidade, relevantes e com clareza de seu papel no universo informativo e, mesmo com tiragens menores, atrairão quem prefira ler. E, tenho certeza, igualmente anunciantes que não querem ficar só nos posts de influenciadores. Credibilidade sempre contou, conta e para sempre contará.
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