Quem afirma isso é Paulo Cunha, coordenador do curso de Comunicação e Publicidade da ESPM – que, exatamente por essa razão, trocou o nome Publicidade e Propaganda
A revolução digital mudou para sempre o mundo da Comunicação. A ponto de fazer com que suas diversas áreas fossem repensadas em várias frentes: além do impacto nas práticas profissionais, envolvendo veículos, agências, gestores e equipes de Marketing, os claros movimentos estão fazendo com que as universidades repensem e remodelem inclusive seus cursos.
Afinal, não basta apenas “refletir” as mudanças: é preciso se antecipar a elas e preparar profissionais aptos a serem agentes de mudança de maneira proativa – e não reativa. Nesse cenário, o campo da Publicidade é um dos protagonistas nesse verdadeiro olho de furacão.
Exatamente para se antecipar e expressar essas mudanças que o curso de Publicidade e Propaganda da ESPM adotou uma nova nomenclatura – para dar conta da amplitude desse movimento, passou a se chamar Comunicação e Publicidade.
Para explicar melhor o que isso significa na prática, para o mercado e para estudantes, conversamos com Paulo Cunha, coordenador do curso de Comunicação e Publicidade da ESPM-SP.
Como a publicidade tem absorvido e reagido às mudanças na comunicação, quando vemos uma convergência que faz com que até mesmo conteúdo se torne matéria-prima para uma área da comunicação que antes era vista apenas como “produtora de reclames”?
A comunicação é fruto do contexto em que está inserida. Logo, tecnologias novas sempre provocaram mudanças e transformações em modus operandi e relações entre players do setor. Algumas destas mudanças foram transitórias e pontuais. Talvez este tenha sido o ponto que fez com que algumas áreas de comunicação reagissem com descrédito ou demora diante do ambiente multimidiático e digital que temos desde os anos 2000. Deste modo, não só conhecimentos, mas práticas, estruturas, amplitude negocial e um novo modo de entender que a propaganda não acabou, mas assumiu uma nova roupagem, foram respostas dadas ao mercado. Um processo que ainda demandará mais tempo para ser integralmente incorporado ao mercado.
Os jovens que escolhem a Publicidade já chegam à universidade com a visão mais ampla do que é a profissão e suas possibilidades de atuação hoje ou ainda há algo da visão mais antiga – que era o clichê do criativo e pouco o do estrategista ou negociador?
Ainda é perceptível a maior busca por áreas de marketing e relacionadas à criatividade. Entretanto, novos estudantes começaram a manifestar significativas mudanças: por marketing passou-se a entender também negócios, criatividade e uma paleta maior de alternativas como conteúdo, empreendedorismo, estratégias e inovação.
Quais foram as razões para que a ESPM investisse na mudança do nome do seu curso de maior sucesso – de Publicidade e Propaganda para Comunicação e Publicidade?
O nome Comunicação e Publicidade consegue traduzir melhor hoje o negócio que envolve expor, comercializar e divulgar marcas, produtos e serviços. As práticas utilizadas neste sentido são mais amplas que a propaganda tal como era conhecida anteriormente. Em outras palavras, fazer propaganda hoje inclui necessariamente áreas englobadas no grande espectro da Comunicação Mercadológica e da Publicidade, que não eram assim consideradas no passado, o que leva a uma percepção antiquada e tradicional. Portanto, nada mais apropriado que refletir o mercado e o que no curso é ensinado.
Você enxerga no futuro uma convergência ainda maior no campo da Comunicação – por exemplo, unindo Jornalismo e Relações Públicas e unificando as áreas de estudo?
Convergência é de fato a melhor expressão. O que obtemos hoje através de influenciadores digitais era, há alguns anos, indicado como resultado do trabalho de Relações Públicas. E a produção de conteúdo, por exemplo, estaria mais próxima do Jornalismo. Embora marcas pudessem estar mais ou menos associadas a estas práticas, a lógica da integração e da manutenção de resultados, propósitos e posicionamentos alinhados aponta para a sinergia de esforços e menor barreiras entre as diferentes e múltiplas áreas da Comunicação Mercadológica. Quanto maior a multiplicidade, maior a necessidade estratégica de convergir e alinhar em prol da consecução de objetivos de empresas e marcas.
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