Coordenadora do curso de RI da ESPM desvenda lendas que restringem o entendimento sobre uma carreira cada dia mais ampla e interessante
Viver viajando e saber falar várias línguas são algumas lendas que permeiam a carreira de Relações internacionais, desmistificadas pela professora Ana Regina Falkembach Simão, coordenadora da graduação em Relações Internacionais da ESPM Porto Alegre. Confira a seguir uma lista com outros mitos sobre a área:
1. Quem trabalha com relações internacionais vive viajando
Não. Relações internacionais não é turismo. É uma profissão que pode levar o profissional a viajar muito, mas também há a possibilidade de a pessoa passar boa parte do tempo em um escritório ou em casa. Com a consolidação do trabalho em home office e online, ficou mais fácil estar conectado com o mundo sem necessariamente precisar viajar para tratar de um assunto.
2. O segmento se restringe a diplomacia de estado
A profissão tem papel clássico na diplomacia de estado, mas atualmente possui um leque gigante de outras possibilidades. O mundo globalizado abre muitas frentes de negócios de comércio internacional e cooperação entre países, estados municípios e entidades, tornando, inclusive, a diplomacia o menor braço das Relações Internacionais.
3. É preciso saber falar várias línguas
Não necessariamente, mas é fundamental saber falar e escrever inglês fluentemente, preferencialmente sem sotaque brasileiro, pois é falado internacionalmente e quanto mais bem pronunciado, melhor. Saber outras línguas é um diferencial, claro, mas a escolha de qual aprender depende das áreas ou países em que o profissional pretende trabalhar. Mandarim pode ser importante, se o interesse for a China. Há quem prefira estudar russo, alemão ou francês, que é a língua da diplomacia mundial. Mas seria desejável que o profissional brasileiro dominasse também o espanhol para ter mais possibilidades de atuar na América Latina.
4. O estudo das Relações Internacional se resume às disciplinas da área de Humanas
Atualmente, é fundamental ter conhecimento de estatística, dados e big data. É importante saber criar e interpretar desde uma planilha de Excel até os programas mais complexos, porque quem trabalha com RI tem que saber analisar números e dados relacionados a finanças, economia, estatísticas e pesquisas de mercado para desenvolver projetos.
5. O profissional de RI não precisa saber além da sua área de atuação
Ao contrário, tem de estar sempre muito bem informado, porque trata-se de uma profissão multidisciplinar. Quem trabalha nessa área deve entender de conflito, cooperação, história, política, cultura e finanças, entre outros saberes. É muito importante ter repertório para manter conversas e negociações e para conhecer os protocolos e especificidades dos países.
6. Além de embaixada e consulado, só existe trabalho em multinacional
Não necessariamente, porque hoje o empreendedorismo abre portas universais. Uma startup ou fintech pode se conectar com o mundo, e quem atua em uma empresa que desenvolve produtos e quer internacionalizar precisa de um profissional que analise dados, pesquisas e saiba fazer projeção de tendências. Também há espaço para trabalhar com paradiplomacia.
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