Especialista em sustentabilidade explica o que de mais importante você precisa saber sobre ESG, sigla que está transformando o mundo dos negócios
“Nos anos 90 e no início dos anos 2000, muito se falava em responsabilidade social e sustentabilidade e na era pós-pandemia fala-se em ESG, que direciona o comprometimento das empresas com o tripé meio ambiente, social e governança”, diz Marcus Nakagawa, professor de ESG da ESPM e autor do livro 101 Dias Com Ações Mais Sustentáveis Para Mudar o Mundo, que nos explicou mais sobre o tema:
O que é ESG?
É uma sigla internacional que significa Environmental, Social and Governance (ambiental, social e governança). O termo surgiu em 2005 por meio de um relatório da ONU, que propunha a incorporação de fatores ambientais, sociais e de governança nas empresas, e ganhou força com a carta anual de Larry Fink, presidente da BlackRock, o maior fundo de investimentos do mundo, enviada em 2021 para seus clientes. O documento continha um alerta para as questões ambientais e despertava a consciência de CEOs de todo o mundo para agirem para minimizar riscos financeiros, reputacionais e ambientais de suas atividades.
Para que serve o ESG?
É a evolução da gestão administrativa. É produzir, cuidar dos funcionários, do cliente, do investidor, do fornecedor, do distribuidor, do ponto de venda, da sociedade, da comunidade no entorno da empresa, do meio ambiente e das relações com o governo. Por isso, todo profissional deve buscar se atualizar para trabalhar entendendo minimamente como o ESG se relaciona com todas as áreas de uma corporação (mas antes disso é importante estar a par dos Objetivos de Desenvolvimento Sustetável, ODS, desenhados pela ONU). Isso porque a transformação que o mundo necessita exige pensamento e visão ligados ao futuro e à sobrevivência para implementar mudanças estruturais escoradas nos três principais indicadores do ESG.
Quais são os indicadores ESG?
Ambiental
Toda a produção deve pensar em seu impacto ambiental e social. A empresa precisa atender a protocolos e requisitos específicos de gestão ambiental e, mais que isso, direcionar os meios de produção para a economia circular. Nesse sentido, todos os processos internos e externos – aqui se incluem fornecedores e consumidor – devem mirar no impacto causado, desde a extração da matéria prima para a fabricação de um produto até o fim do seu ciclo de vida.
Social
Da qualidade de vida no trabalho de cada colaborador da empresa à produção sem uso de mão de obra infantil ou análoga ao trabalho escravo, as questões sociais são importantes. E nesse ciclo entram também treinamento de fornecedores para que eles produzam de maneira condizente com esse indicador, orientação ao cliente quanto ao descarte de um produto – como não jogar pilhas no lixo comum – e à própria conscientização dos funcionários para a mudança de hábitos, porque não faz sentido pregar uma filosofia e não a aplicar dentro de casa.
Governança
O que a empresa faz tem de estar de acordo com as leis do país e as questões burocráticas relacionadas a cuidar da governança da organização. Não basta desenhar um organograma e as funções dos gestores. É imperativo ser transparente na exposição de metas e objetivos para conselhos, diretoria, stakeholders e setores públicos. Isso se traduz em engajamento e em como ele é feito e se relaciona com os públicos internos e externos da organização, incluindo clientes, fornecedores e ONGs.
Por que o ESG está em alta?
Desde a Rio-92 se falava na questão ambiental, no aquecimento do planeta, na camada de ozônio e na pegada de carbono, aumentando a percepção da importância de cuidar do meio ambiente e das pessoas, mas a velocidade dessas mudanças foi lenta para 30 anos. Quando animais começaram a invadir as cidades durante os primeiros meses do isolamento devido à pandemia, soou o alarme para avisar que os meios de produção e os seres humanos estavam afetando a vida natural e isso precisava mudar urgentemente.
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