Novos negócios em jornalismo: especialistas dão dicas sobre como empreender na área

Mara Luquet, do MyNews, Conrado Corsalette, do Nexo, e Helena Bertho, da AzMina, abordaram o tema em palestra no 6º Seminário Internacional de Jornalismo   

 

Um dos desafios do jornalismo contemporâneo é produzir e veicular conteúdos com temas e formatos inovadores, ou seja, que fujam do modelo obedecido pela mídia considerada tradicional. Tudo isso sem deixar de lado a ética e a qualidade técnica que a profissão exige. Durante o 6º Seminário Internacional de Jornalismo, realizado pelo departamento de Jornalismo da ESPM em parceria com a Columbia Journalism School, Conrado Corsalette, cofundador e diretor de redação do jornal digital Nexo, Helena Bertho, diretora de conteúdo da revista AzMina, e Mara Luquet, fundadora e CEO do canal MyNews, deram dicas sobre como investir em novos negócios dentro do jornalismo.  

 

Confira o que eles disseram:  

 

Faça um recorte e defina o seu modelo de negócios  

Na opinião dos profissionais, o ponto de partida para os jornalistas que querem investir no seu próprio empreendimento é definir um modelo de negócios. “O que você vai cobrir? Você vai cobrir um determinado setor?”, questiona Luquet. “A gente tem que mudar a nossa cabeça para um modelo de negócios, seja ele um podcast, um canal no YouTube ou um site”, completa. Por outro lado, Bertho também destaca as dificuldades que esse processo pode envolver. “Por muito tempo, a gente fazia AzMina por vontade, sem recurso, e sem saber como fazer isso acontecer. Mas fazer jornalismo custa”, comenta ao lembrar da origem da revista, que nasceu como um negócio social. “A gente foi forçada a pensar em negócios, a aprender e a pensar sobre dinheiro, sobre sustentabilidade. Foi uma experiência de aprender errando, aprender fazendo”, acrescenta.  

 

Procure formas inovadoras de veicular o seu conteúdo  

Para além do público para o qual determinado conteúdo vai ser produzido, outra questão levantada pelos profissionais sobre como inovar no mercado de notícias é a maneira como certo tema pode ser abordado e o formato pelo qual tais informações podem ser transmitidas. “AzMina surgiu inovadora no sentido de que a gente se propôs a fazer algo que estava faltando”, diz Bertho sobre a revista fazer um jornalismo com um recorte de gênero. “A gente foi aprendendo que a gente tinha que inovar no que a gente podia fazer, além de reportagem”, afirma. Entre as alternativas encontradas pela AzMina, a jornalista lista um programa de monitoramento de dados do Congresso Nacional. “A gente foi descobrindo esse caminho de criar projetos, que – no fim das contas – não são só de jornalismo. Eles também são de tecnologia, de dados e dão outras roupagens para o que a gente chama de jornalismo”, adiciona.  

 

Incentive a diversidade  

De acordo com os profissionais, outra maneira de inovar é por meio da diversidade. Ou seja, ouvir e trabalhar com pessoas de grupos sociais variados – o que inclui, por exemplo, orientação sexual, identidade de gênero, raça, localidade, entre outros. Essa diversidade resulta em discussões sob novas perspectivas. “Inovar também é contar histórias que não estão sendo contadas, é olhar para lugares que não estão sendo olhados”, explica Bertho. “A diversidade é essencial para a qualidade. Quanto mais diversa uma redação, mais qualidade essa redação tem”, completa Corsalette.  

 

Use a tecnologia a seu favor  

Segundo os profissionais, a tecnologia é uma aliada quando o assunto é inovação. “A internet e a tecnologia trouxeram muitas possibilidades para o jornalismo”, afirma Luquet. “O jornalista via a internet como a vilã, achava que a tecnologia vinha para destruir o jornalismo, e é o contrário, porque ela te entrega os meios de produção na sua mão”, adiciona. “A gente acredita que a gente vai contribuir para o debate público a partir da clareza. Essa clareza não se dá usando as possibilidades tecnológicas de uma maneira gratuita. É olhando para essas possibilidades tecnológicas e fazendo com que elas trabalhem pela clareza. Elas vão sempre ajudar a gente a contar a história da melhor maneira possível, seja por infográficos, vídeos ou seja por textos mesmo”, reforça Corsalette.  

 

 

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