Seja pelas diferenças regionais, seja pelo uso de gírias que se perdem ou que aparecem em “bolhas”, é impossível acreditar que sempre nos fazemos entender – e vice-versa
Batuta, anda grilado à beça com os caretas do arco da velha, bicho? E está boiando por não pescar bulhufas, patavinas desse papo de lascar, quebrando o barato no qual a patota insiste só para te deixar grilado?
Ou entenderia do que estão falando pessoas que usam expressões como miaeiro, zambeta, inhaca, bafafá, remoso, pirangueiro, gabiru, presepeiro, encarcar, cambito, peba, mangar, desenxavido, bestara, perriado ou xexeiro?
Bá, mermão, que trem da hora, meu… Sacou?
Imagina a dificuldade para quem trabalha com comunicação, principalmente o jornalismo e a publicidade, adotar uma linguagem acessível para todos – deixando de fora, ainda, questões sensíveis de formação propriamente ditas.
Profissionais que precisam dialogar com pessoas de todos os lugares deste nosso país enorme e culturalmente riquíssimo, diversificado e interessante se deparam cotidianamente com esse desafio.
Por um lado, há quem pregue uma “uniformização”, uma espécie de “massa corrida” que deixaria planificado tudo isso. Mas acusações de regionalismo, por exemplo, ao Jornal Nacional, às novelas e a outras obras de alcance de massas mostram que esse caminho indica uma certa dominação de um modelo sobre outro – e, longe de integrar, pode acentuar preconceitos e desrespeitar (muitas vezes pela generalização) as características próprias de cada lugar.
Por outro, há quem pregue que, deixando essas diferenças fazerem parte da diversidade cotidiana dos meios de comunicação, em pouco tempo o estranhamento daria lugar a um entendimento mais geral. Mas há críticos que enxergam nessa estratégia o risco de esvaziamento do significado – uma vez que um mesmo termo pode ganhar expressão diversa em cada lugar. E seria, como apontam alguns, como soltar um peixe predador em um ecossistema ao qual não pertence (e gerar um desiquilíbrio).
Bem, não tenho nenhuma pretensão de dizer qual o caminho, mesmo. Mas, em mais de 40 anos de jornalismo, aprendi que, mesmo diante da possibilidade de irritar alguns (aqueles de dominam o significado do que estamos escrevendo ou dizendo), o melhor é sempre ser didático: explicar aquilo que achamos que pode estar fora do entendimento ou do alcance de seu interlocutor.
Assim, vou agir segundo meu próprio conselho:
Miaeiro: cofrinho
Zambeta: o que tem pernas tortas
Inhaca: fedor
Bafafá: confusão
Remoso: alimentos com muita gordura, sal ou açúcar
Pirangueiro: pessoa de má-fé, aproveitador
Gabiru: quem quer ser esperto, malandro
Presepeiro: inconveniente ou escandaloso
Encarcar: apertar, fazer pressão
Cambito: perna fina
Peba: coisa sem importância, ordinária
Mangar: tratar alguém dom desdém, expor ao ridículo
Desenxavido: sem graça
Bestar: andar sem rumo
Aperreado: contrariado, oprimido
Xexeiro: caloteiro
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