Para quem se encantou com o filme Yesterday (ou ainda vai se encantar – cuidado, tem spoilers), a provocação proposta na telona é diferenciar o que tem poder de ser eterno e aquilo que pode não fazer falta alguma
Um mundo no qual ninguém nunca ouviu falar dos Beatles e nunca ouviu cantar os Beatles é uma premissa assustadora.
Afinal, seríamos quem somos se nunca tivéssemos ouvido um acorde sequer das músicas criadas pelo quarteto de Liverpool há quase 60 anos?
O mote do filme Yesterday, de Danny Boyle, serviria muito bem para um filme de terror (ao menos para este que vos escreve). Mas a fábula projetada em película logo nos dá uma boa dose de serenidade (e de bom humor) quando mostra que, assim como os Beatles, outros ícones daquele mundo pós-apagão mundial também desapareceram da face da Terra.
Há, porém, uma diferença incrível: ao contrário das canções, o personagem Jack Malik não faz questão nenhuma de recriar (ou, no caso, manter vivo) qualquer um dos outros ícones apagados da memória emotiva, afetiva, olfativa e gustativa da humanidade.
(ALERTA DE SPOILER)
Um deles é o cigarro. Sim, a humanidade nunca ouviu falar desse troço e ninguém é viciado (ao menos em outros fumígenos, legais ou não). O outro é a Coca-Cola.
O que o filme quer nos dizer com isso?
Que, mesmo que a humanidade desapareça da face da terra, talvez as músicas dos Beatles sejam os únicos produtos do século 20 que valham a pena resgatar de nossa passagem pela Terra. Uma jogada perigosa propor isso a uma plateia mundial: você faria essa mesma escolha ou prefere trocar as canções por um trago ou um gole?
Este que vos escreve é um ex-fumante e um ex-bebedor de refri (um “garoto Coca-Cola”, como dizia meu pai). Mas não consigo me livrar de nenhum acorde dos Fab Four…
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