O maior jornal do mundo, o The New York Times, comemorou no final de 2018 o número de 4,3 milhões de assinantes. O que isso quer dizer – comparado aos 37,5 milhões de inscritos de Whinderson Nunes no YouTube?
Ao longo do século 20, muito se discutia em torno dos chamados “impérios da mídia”, gigantes que manejavam com destreza os “meios de comunicação de massa”, “dominando o mundo, corações e mentes” com seus jornais, suas TVs, rádios e, por fim, sites.
Hoje, vemos um inexorável derretimento desses “impérios”, que pode ser explicado de muitas maneiras – da mudança dos hábitos das pessoas à revolução tecnológica, que mudou para sempre a forma, a quantidade e a fonte de notícias que a humanidade consulta e consome. Esqueçamos por um momento o efeito colateral de tudo isso, as famosas fake news, para focar em outra questão: notícias têm como competir com os novos “produtores de conteúdo”? Ou melhor: jornalismo e informação de qualidade é o que as pessoas querem de verdade?
Talvez tudo não passe de uma questão de escala. Senão, vejamos uma pequena comparação (sei que estou juntando bananas e laranjas, mas o fato é que ambas as frutas estão sendo vendidas na mesma barraca da feira virtual…). O maior jornal do mundo, o The New York Times, comemorou no final de 2018 a marca de 4,3 milhões de assinantes digitais (e planeja chegar a 10 milhões em 2025). Ao mesmo tempo, Whinderson Nunes festejava a marca de 35,9 milhões de assinantes – o que coloca seu canal como o quarto maior canal de YouTube no mundo!
Talvez entender esse novo mundo, com essa nova escala, seja o desafio dos antes “impérios da mídia”, ancorados em jornalismo e informação. A tal alcunha de “veículos de comunicação de massa” caducou diante de audiências com maior autonomia e poder de escolha. E claramente a escolha não tem sido por conteúdos informativos (sem entrarmos na questão da qualidade…).
O jornalismo e as grandes empresas de jornalismo simplesmente menosprezaram os fenômenos de audiência no “novo mundo” digital, perderam ondas e mais ondas e ainda parecem sentar contemplativamente na praia, olhando cada uma delas se formar, crescer, arrebentar e morrer mansa na praia…
Assim foi com as redes sociais, assim foi com o Youtube, assim foi com o Snapchat e também com o Instagram. O único gol marcado foi com o Twitter, que se tornou uma ferramenta indispensável para o jornalismo (e vice-versa). Mas ressalve-se: mais pelo perfil da rede do que pelo esforço dos veículos e jornalistas.
Ainda não se convenceu de que é preciso mudar o mindset? Se não acredita no que escrevo, veja o gráfico abaixo, que mostra (ou melhor, não mostra) como o jornalismo bate ponto numa lista vital para os dias que seguem: a dos apps mais baixados (dados de abril de 2019, da SensorTower, publicados pelo TechTudo). Quando o jornalismo entrar na lista, mande um alô e vamos conversar.
Enquanto isso não ocorre, segue o 7×1…
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